HELORO

Resumo: Heloros era uma antiga cidade grega da Sicilia, situada perto da costa leste, cerca de 40 km ao sul de Siracusa e ás margens do rio com o mesmo nome. Não temos nenhum relato de sua origem, mas provavelmente foi uma colônia de Siracusa, da qual parece ter continuado sempre uma dependência. O nome é encontrado pela primeira vez em Scylax, pois, embora Tucídes mencionasse repetidamente a estrada que conduzia a Heloros de Siracusa. Heloros foi uma das cidades que permaneceu sob o governo de Hieron II pelo tratado concluído com ele pelos romanos, em 263 AEC. E, tendo durante a Segunda guerra Púnica declarado em favor dos Cartagineses, foi recuperado por Marcus Claudius Marcellus em 214 AC. Documentos mostram que esta pólis preocupada em sua penetração para o interior por meio dos vários rios que atravessavam esta ponta sul da Sicília, ocupa este sítio sículo, Heloros, e expulsa dali os habitantes originais.

Palavras chaves: Eloro, Heloros, Siracusa.

Abstract: Heloros was a Greek city in Sicily situated near the east coast, about 40 km south of Syracuse and on the banks of the river of the same name. We have no account of its origin, but it was probably a colony of Syracuse, on which it seems to have always remained a dependency. the name is found for the first time in Scylax, for though Thucides repeatedly mentioned the road leading to and Heloros of Syracuse. Heloros was one of the cities that remained under the rule of Hieron II by the treaty concluded with him by the Romans in 214 BCE. And, having during the Second Punic War declared in favor of the Carthaginians, it was recovered by Marcus Claudius Marcellus in 214 BC. Documents show that this Polis, concerned with its penetration into the interior through the various rivers that crossed this southern tip of Sicily, occupies this Siculo site, Heloros, and expels the original inhabitants from there.

Key words: Eloro, Heloro, Syracuse.

INTRODUÇÃO

Segundo a pesquisa sobre a cidade-estado Eloro, vamos abordar pontos importantes sobre essa pólis, nessa pesquisa iremos apresentar diversos aspectos dessa cidade que é um importante sítio arqueológico. Ela irá esclarecer muito sobre a formação dessa cidade-estado, e de como era o modo de vida da população que nela habitava. Iremos apresentar resultados de escavações feitas ali que ajudará a esclarecer muito sobre esta cidade da qual não possuímos muitas informações. Infelizmente algumas informações não foram encontradas, porém com a leitura deste documento iremos compreender alguns dos aspectos importante dessa cidade.

LOCALIZAÇÃO

Helorus, Heloros, Helorum ou Elorus (em italiano Eloro), era uma antiga cidade grega da Sicília, situada perto da costa leste, a cerca de 40 km ao sul de Siracusa e ás margens do rio de mesmo nome. Atualmente é um sítio arqueológico na comuna moderna de Noto.

COMO ERA A SOCIEDADE

Foi Uma das cidades que permaneceu sob o governo de Hieron II pelo tratado concluído por ele pelos romanos, em 263 AEC e, tendo durante a segunda Guerra Púnica declarado em favor dos cartagineses, foi recuperado por Marcus Claudius Marcellus em 214 AC.

A plotagem dos santuários indica como os rios Salso e Dirillo se construíram nas vias de penetração para o interior. Os dados arqueológicos indicam que a posse da terra de Khóra gelense é precedida pela implantação de áreas sagradas e as fontes textuais como Heródoto relatam como paralelamente, o poder politico se fortalece . a dinastia dos Deinomênidas, família importante e poderosa que dominará o cenário politico da Sicília durante décadas inicia sua trajetória com Gélon tirano que de Gela, onde assume o poder em aproximadamente 491, torna-se, em 485-4 o governante da próspera Siracusa. E deixa em seu lugar, Hiéron, seu irmão . é importante lembrar também que a família Deinomênida teria sido concedido, de acordo com Heródoto o privilégio de oficiar os cultos de Deméter e Core, os mais documentados nas áreas de cultos gelenses especialmente do interior.

A celebre passagem de Heródoto a respeito do culto de Deméter-Core em Gela  iniciou uma tradição de associação destes cultos com a vida política de apoikas.

Desta feita, as fontes documentais sinalizam, neste caso uma relação muito próxima entre a posse da terra e o estabelecimento de uma primazia política por parte de uma apoika. Paralelamente, a instrumentação de cultos específicos, por governantes fortes como os tiranos, é uma estratégia no sentido da consolidação de seu poder.

A dinâmica entre o político e o religioso também está visível na situação registrada na paisagem sagrada de uma apoika comparada à paisagem sagrada presente em suas fundações temos, então, o caso de Agrigento, fundada por Gela, Selimonte, fundada por Mégara Hibléia e Heloro, Casmene, Acrae e Camarina fundadas por Siracusa. Agrigento e Selimonte  apresenta uma grande semelhança na paisagem sagrada se comparada a Gela e Mágara Hibléia; quantidades e tipos equivalentes de construções; Heloro, Camene, Acrae e Camarina, por outro lado, divergem profundamente a Siracusa, exibindo, ao contrário desta uma grande dependência política de Heloro, Casmene, Acrae em relação a Siracusa, que impulsionada pelos projetos expansionistas de seus governante, funda estes núcleos como postos avançados de defesa do seu território.

Hiéron II

A TEORIA DAS “CHEFIAS” COMO PROTO-ESTADOS E SEU PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO: TIMOTHY EARLE

Como ferramenta de pesquisa para compreender quais as características e necessidades do fenômeno do surgimento “estado”, se escolheu trabalhar criticamente com a tentativa de tipologia de desenvolvimento estatal realizada por Timothy K. Earle na obra Chiéfdoms: power, economy and ideology (1993) para posteriormente confrontá-la com o processo grego de formação da Pólis.

As “chefias” seriam características de sociedades “intermediárias” seu aparecimento é explicado usualmente através da identificação estabelecida em Malinoswski dos chefes em “banqueiros tribais”, exercendo uma administração organizativa das riquezas acumulada em prol do bem comum e de uma crescente especialização social. No entanto esta redistribuição não parece estar realmente presente em uma econômia de subsistência bem como não apresenta uma necessidade imediata de organização (até mesmo os sistemas hídricos tendentes a formar burocracias e proliferações legislativas. Ainda são pequenos o suficiente para evitarem tal necessidade) nestas que são essencialmente sociedades de baixa densidade demográfica e sobretudo alto grau de variabilidade local.

O estabelecimento de uma tipologia acerca do surgimento e evolução estatal precisaria, então, tratar de três interpretações principais acerca deste fenômeno. Primeiramente pode-se iniciar tal tipologia através da categorização das chefias entre modalidades simples e complexas, com a variante simples exercendo sua influência sobre poucos milhares, estabelecendo apenas um nível de hierarquia sobre a comunidade e apresentando um sistema de postos graduados (“graduate ranking”). A variante complexa, por sua vez, engloba dezenas de milhares sob sua influência, desenvolve dois níveis de hierarquia e especialmente, apresenta uma estratificação emergente.

Por fim, o terceiro conceito a ser contemplado pelo projeto de tipologia seria a tensão entre estrutura de grupo (enfatizada através construções corporativas) e individualização (diferenciação de status, visível especialmente no costume funerário e na distinção de moradia) dentro da sociedade.

Mesmo com essas balizas, comparações etnográficas são de uso limitado quanto a este problema, cabendo a cultura material e ao documento arqueológico maior ênfase, baseando-se primeiramente em estudos regionais de mudança de padrão a fim de evidenciar as dinâmicas internas de manutenção e de controle nas chefias.

Tais dinâmicas acabam por delinear um padrão de instabilidade e recorrência cíclica, fundamentado nas tensões decorrentes do esforço conciliatório necessário para se manter um grande grupo humano coeso. Um nível de de organização não se forma naturalmente. Deve-se ressaltar que por ‘grande’ grupo humano tratamos com um conceito relativo: chefias não necessitam impreterivelmente da pressão gerada por elas mesmas sobre sua base populacional. De onde vem essa pressão-base sobre o coletivo e como ela é mantida? Podemos resumir os elementos básicos dos instrumentos de controle social em duas classes de fatores

1 – FATORES RELACIONADOS A ECONOMIA INTERNA

•          Doações geradoras de débitos, banquetes e prestações (em um regime semelhante a um “esquema de favores”)

•          Melhoria na infraestrutura e no sistema de subsistência.

Os banquetes eram realizados pelos aristocratas da época.

O banquete se distingue das práticas cotidianas de se alimentar: primeiro pelo número de convivas, segundo pela qualidade da culinária e terceiro pelo aspecto do ambiente qual ocorre a comensalidade.

A maioria da população trabalhava com a construção naval, processamento de alimentos produção de vinhos e tecidos.

2 – FATORES DE CUNHO IDEOLÓGICO

•          Controle de fontes de legitimidade (o passado, o sobrenatural e o natural)

•          Criação ou apropriação de novos princípios de legitimidade

•          Controle de produção e distribuição de riqueza interna

•          Controle do fluxo externo de riqueza

Ora os tiranos sicilianos são gregos, conquistaram o poder em uma ou mais colônia e, como referido acima, veem-se confrontados com a necessidade de justificar, legitimar o poder que detêm, que reforçaram ou pretende ampliar. Um poder que não é constitucional, que resulta de uma transgressão, eventualmente com uma efusão de sangue. Se o paralelo com o oikista for bem estabelecido, o tirano crê poder partilhar do seu estatuto. Se os resultados da sua ação forem tidos como benéficos pelos cidadãos mesmo quando requerem o recurso á violência, serão assimilados aos de uma fundação colonial. A transgressão adquire a qualidade positiva, passa a ter caráter sagrado.

Naturalmente o modelo da narração colonial não esgota o universo das crenças em que o tirano se apoia e isso aplica-se á generalidade dos detentores do poder, para, através de instrumentos de ação ideológica, legitimar o seu poder.

A implementação desses fatores, no entanto, não garante estabilidade política, uma vez que está só pode vir da articulação entre fontes alternativas de poder e aspectos econômicos, especialmente através da criação de estamentos e classes, tendo em vista que a natureza do poder não tende a unicidade, mas sim ao estabelecimento de órbitas de facções, cada uma se aproximando do poder de maneira diferente. De fato, a sobrevivência dos Pré-Estados dependente da eficiência de um “poder central” (ou o que mais se assemelhar a tal papel) em limitar (ou seja, novamente circunscrever) as fontes de poderes individuais e em absorver as estruturas de facção.

Um exemplo desse esforço de limitação está no cerimonial neolítico europeu: através da compatibilização entre duas práticas rituais a principio antagônicas. As cerimônias de território (claramente centradas na esfera da comunidade e representando uma inclusão de grupo e delineação de limite) e a atribuição de status á símbolos estrangeiros (uma prática com fundo individual, excludente e “extra territorial”), consegue-se estabelecer um mecanismo social não apenas funcional no controle ao acesso dos fatores ideológicos (como descrito acima, legitimidade e fluxo de riqueza) como também capaz de promover um avanço das bases de poder ideológicas sobre as categorias militares e econômicas (por exemplo, através da associação de uma função guerreira á elite econômica).

O surgimento desse poder efetivo pode ser traçado através de suas necessidades de formação, uma vez que requer a presença de várias “condições ambientais” identificáveis: a possibilidade de intensificação da produtividade natural, elemento que serve de “chamariz” inicial para a aceitação da autoridade estabelecida e formação de uma economia de excedente, dependente de uma proximidade a recursos naturais não-alimentares necessários; um nível de densidade populacional regional que estimule a aceitação da organização estatal através do risco de crise de abastecimento; a existência de mercados externos.

Trinácia feita em cerâmica

ORIGEM

De modo geral entende-se por Magna Grécia a área correspondente à região sul da Itália, no entanto, locais como a Campânia e a Apúlia muitas vezes não são considerados como parte da Magna Grécia. De acordo com Coarelli, o nome data do período da colonização e era provavelmente usado pelos próprios colonizadores. A maioria dos autores gregos antigos chama de Magna Grécia a costa jônica, mas depois o nome passa a abranger toda a Itália meridional colonizada pelos gregos, às vezes incluindo até a região da Campânia.

Outro fator está relacionado à origem dos colonizadores, quais são as cidades mães de nossas apoikias. Os calcidenses fundam Cumas e depois, na Sicília, fundam Naxos e posteriormente assumem o controle do estreito de Messina com a fundação de Zancle e Régio. Na segunda metade do século VIII a. C. começa uma onda de colonização aquéia: Síbaris, Crotona. Caulônia e Metaponto e no fim do VIII a. C. ocorre ainda a fundação de Tarento, única colônia espartana. Siracusa é fundada por Corinto e funda Camarina. Segundo Cerchiai, em relação aos movimentos colonizadores, pode-se afirmar que o grupo de cidadãos que se encarregava de fundar uma colônia se tornava estrangeiro, enquanto pertencente à outra comunidade, sobre a qual a cidade mãe, a cidade de origem não exercia qualquer influência, pelo menos não no sentido como nós entendemos os movimentos colonialistas dos séculos XVI e XVII d. C. Sem dúvida existiam contatos entre as apoikias e as cidades mães e em alguns casos a relação era estreita, porém eram contatos do tipo que se estabelece entre cidades independentes. Além disso, era possível e até frequente, que a rede de conectividade de uma apoikia não envolvesse sua cidade mãe.

Apoika- colônia grega.

O coração pink é Heloros. Mapa da Magna Grécia. https://anticopedie.fr/mondes/mondes-gb/gde-grece-sites.html

Magna Grécia Antiga. Século 6 a.C. Sicília, Itália.

POLITÍCA

Siracusa trata-se de uma cidade que desempenharam um ativo papel durante os períodos arcaico e clássico. A escolha por Siracusa dentre as colônias coríntias deve-se ao destaque de que gozou desde a sua fundação, tendo se tornado uma das maiores cidades grega no período clássico, quase 300 anos após os helenos terem se estabelecido na Sicília.

Quando os gregos fundaram Siracusa essa área era foco de enterramentos sículos. Sua denominação, Neópolis (nova cidade), dá a entender que se tratou de um desenvolvimento urbanístico por expansão para hinterlândia, sendo alvo de um intenso processo de monumentalizarão empreendido por Hieron. O teatro local recebeu Ésquilo e suas peças. Acreditamos que tal atividade urbanística tenha servido para firmar a posição desse político como tirano após a morte de seu irmão Gélon, que ganhou status de fundador de Siracusa. A área concentrava várias estruturas religiosas, das quais destacaram-se o teatro, um santuário para Apolo, além dos Zeus Olímpico e Héracles, bem como o espaço sagrado a Deméter, marcado pela presença de magarízen (rituais de câmara), indicando a celebração do festival das Thesmophoria. Zeus, Deméter, Héracles, Apolo são todas figuras que exultam a civilização. Destarte, o conjunto de divindades do espaço marca um esforço por controle, o que é contrabalanceado pela presença dionisíaca, acentuando a liminariedade existente ali, uma vez que se tratava de uma área de interação com os bárbaros.

Heloros era chamada em alguns textos de pólis, mas consistia em um posto militar submetido á Siracusa a 18 km da ásty da cidade.

Existiam dois santuários a Deméter e Koré ali: o for a da parte murada (santuário vecchio) e o intramuros (santuário nuovo), do século IV a.C. Quanto ao santuário vecchio, apesar de ser descrito na documentação antiga como um koreion também recebeu dedicações a Deméter do século VI ao III a.C. Dentre os santuários que siracusanos que não constam no Catálogo por motivos de escassez de material publicado, temos para começar, o precinto das duas deusas em Avola, que ainda está em processo de escavação. Trata-se de uma área nas margens antiga cidade, perto do mar e na rota para Heloros.

ATIVIDADE MAIS IMPORTANTE

O centro urbano de Heloros localizava-se a aproximadamente 30 km de Siracusa, na costa sul da Sicília, em um pequeno promontório plano a 30/50m acima do nível do mar. O assentamento dispõe-se em uma faixa de terra fértil, entre os rios Cassibili ao norte e Heloros ao sul. Ao norte da foz de Heloros foi escavado, no tufo um porto fluvial, como se fosse um verdadeiro canal para o transporte de objetos e alimentos a partir de barcos.

Na antiguidade, os marinheiros contavam além do auxílio dos deuses, exclusivamente com a força dos remos e velas para impulsionar suas embarcações mediterrâneo afora, de maneira que o vento se tornava um inimigo formidável, ou um aliado muito útil nessas empreitadas. O uso dos ventos por esses homens não constitui mera consequência de se estar no mar, mas um saber específico, útil à navegação e, por conseguinte, apartado dos conhecimentos relacionados, ao cultivo da terra.

Ruínas de Heloro, Sicília, oásis de vida selvagem de Vendicari, Itália, Sicília, civilização Siceliota, séculos VIII a IV a.C.

Imagem de navio usado para o transporte de alimentos, objetos.

IMPORTÂNCIA COMERCIAL.

Heloro, localizado próximo à foz do rio Tellaro, um dos rios mais importantes da região, permitiu o controle e a exploração agrícola da planície fértil que ia da costa até o coração dos Iblei.

Logo se tornou um empório privilegiado para o comércio entre comerciantes gregos de Siracusa ou outros portos da ilha e do Mediterrâneo e dos povos indígenas do interior. Trocaram cerâmicas, artigos de luxo, mel, têxteis, produtos animais, madeira, minerais, ervas medicinais e plantas comestíveis, escravos, conhecimento técnico e modos de produção.

Eloro, por sua posição privilegiada, no século VI acc.., foi equipado com uma poderosa parede de cerca de 3 m de espessura e reforçada com torres quadrangulares nas quais você pode reconhecer as ruínas do Portão Norte.

Imagem do Museu Cívico Arqueológico de Noto.

IMPORTÂNCIA MILITAR

Heloro era uma cidade pequena e fortificada, devido à sua posição estratégica, permitiu a proteção de Siracusa contra possíveis ataques sicilianos, concentrados no triângulo Heloro-Pachino Noto e

a partir do oeste e no centro populoso de Monte Finocchito, localizado perto do curso médio do rio Tellaro. Para Siracusa também este posto militar poderia servir como base para estender seu domínio sobre o sudeste da Sicília.

Templo em Heloro.

OS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS: ESPAÇOS FUNERÁRIOS

A necrópole do Fusco é talvez o maior cemitério encontrado na área siracusana, se estendendo de forma semicircular ao redor dos limites da cidade arcaica. Escavado até 1915 por Orsi, e publicado por este mesmo autor em 1925, o material da necrópole do Fusco abrange cerca de 700 tumbas. Destas, cerca de 100 podem ser datadas diretamente do período protocoríntio, ou seja, de 730 a.C. até 625 a.C., as quais podem-se somar a pelo menos mais 210 enterramentos de datação incerta, mas que contém de alguma forma um contexto parcialmente arcaico, sem, no entanto, ter um claro embasamento cerâmico para tal atribuição. O debate acerca das datações destes túmulos continua, com o número de atribuição a períodos mais recuados crescendo gradualmente.

Para os fins de nossa análise, no entanto iremos focar nos contextos mais comumente aceitos como bem fundamentados. Destes, utilizaremos os 60 túmulos analisados por Frederiksen (1999) em sua síntese de um padrão funerário protocoríntio. Dentro deste grupo é possível se atestar a presença de 30 sarcófagos e 11 enterramentos diretamente em fossas. O restante da amostra se subdivide em variados tipos e muitas vezes depostos dentro de fossas cortadas diretamente na camada de tufo vulcânico que também, como citado pode receber enterramentos diretamente recoberta por lajes e calcárias. A preservação da estrutura da superfície como marcadores de tumbas é geralmente pobre, com poucos exemplares registrados. A grande maioria destes enterramentos é realizada para apenas um indivíduo, com uma baixa incidência de enterramentos múltiplos, que são a forma sícula típica de prática mortuária (cinco contextos bem documentados de enterramentos duplos).

Assim como visto no exemplo do Cemitério Norte em Coríntio, nem sempre é possível se atribuir uma relação clara entre os restos humanos na tumba e o material deposto, não necessariamente se tratando de uma sincronia perfeita recursos são comuns, incluindo casos em que o enterramento mais recente se apoia obre a laje de fechamento do mais antigo, sem que necessariamente seja discernível uma relação de parentesco ou proximidade entre ambos. A mobília funerária e as oferendas são depostas tanto no interior da tumba como sobre as lajes de fechamento, bem como ocorrem no espaço entre os limites do sarcófago e a superfície da fossa de contenção e em cortes vizinhos á tumba o que pode resultar em uma indistinção entre os conjuntos de oferendas diversos de dois enterramentos vizinhos nas ocasiões onde uma fossa é alargada ou muito próxima a outra. Em termos gerais, as características de orientação, forma e posição do cadáver na tumba variam grandemente, enfraquecendo a ideia de um culto funerário bem caracterizado e unificado.

Entre o material volitivo é possível se encontrar a predominância de vasos e protocoríntios esperada, mas aparecem também vasos da Argólida, Etrúria, Grécia Oriental e de produção local. Objetos em metal são razoavelmente comuns, predominantes em bronze, com menor incidência de prata e ferro e raras instâncias de ouro. Achados exóticos incluem faiança. Âmbar e marfim, sugerindo já contatos externos extensos. A ocorrência desta parafernália não é de nenhuma forma uniforme, existindo numerosos exemplos de túmulos completamente desprovidos de volitivos que, no entanto, seguem os mesmos padrões construtivos dos túmulos carregados de oferendas.

Não há uma predominância imediata de formas cerâmicas especificas no contexto fúnebre, mas um grande número de arribai-os é atestado entre as tumbas com oferendas, possuindo ao menos um exemplar, comumente apresentado dois e raramente três ou mais, usualmente em raros contextos de enterramento múltiplo. Vale citar que esta é uma das formas tipicamente associada ao desenvolvimento cerâmico coríntio, embora sua presença em contextos funerários seja bastante comum em toda a Grécia durante o arcaico. Não se percebe qualquer preferência entre as deposições de arriba-los, que ocorrem igualmente em indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades.

Esquifos e Kótiles ocorrem tão frequentemente quanto os aríbalos, e parecem seguir o padrão de um exemplar por indivíduos. Salvo por poucas exceções (cinco tumbas), uma das quais difere marcadamente ao apresentar 30 peças somadas destes tipos. Esquifos tendem a acompanhar tumbas de indivíduos sub-adultos, mas os kótiles aparentemente ocorre de forma generalizada. As inócuas são bastantes numerosas, ocorrendo também neste padrão “individual”. Píxides são também muito comuns e podem carregar um problema de interpretação: em seus registros de escavação, Orsi atribuí a Píxides á enterramentos de crianças e mulheres, como costumeiramente faz a literatura arqueológica de seu momento histórico, relegando uma parcela significativa de amostras desta mesma forma á tumba com ocupantes “não-identificados” , sem que seja possível objetivamente verificar-se se isto se procede realmente. É talvez mais prudente não se presumir uma restrição identitária na deposição desta forma cerâmica específica.

Outras formas ocorrem em menor quantidade, resultando em grupo de marcada variedade, tanto em forma quanto em proveniência. Taças e kalathoi são encontrados tendo fabrico local, bucchero etrusco ocorre, assim com cerâmicas e lécitos em estilo argivo. Em algumas das tumbas mais recentes, o alabastro coríntio já se apresenta. Como uma regra geral, a concentração de material coríntio dentro desta classe de artefatos é marcada, correspondendo á aproximadamente 70% da amostra e sendo mais na fase mais recuada e inicial do sítio. Esta grande profusão de formas nas fases posteriores do sítio leva Frederisken, (1999) lançando mão de uma situação análoga em Taranto documentada por Neeft (1944) supor que a deposição de material cerâmico nas tumbas não se encontra norteada por um filtro socioeconômico forte, existindo grande liberdade na escolha do material depositado.

Existiriam então padrões igualmente livres para a deposição de metal nas tumbas do Fusco? Para se resolver esta questão pode ser útil primeiramente realizar a divisão deste tipo de objeto em duas classes ideais os objetos interpretados como adornos pessoais, em sua maioria fíbulas e grampos incluindo também eventuais peças como joias, e as peças interpretadas como trabalho em metal de fundo mais “impessoal” ou “utilitário”. Nesta última classe, encontrámos um indício interessante para a proposição de um padrão funerário, uma vez que os pregos de metal foram encontrados de forma a sugerir a deposição do cadáver em um leito funerário. Duas tumbas em fossas apresentam este tipo de peça, respectivamente contendo 12 e 51 pregos bem preservados.

A deposição das fíbulas tende ao mesmo padrão “individual” seguido pelos objetos cerâmicos, existindo um caso conhecido de deposição mais intensa, com 25 fíbulas sendo dedicadas ao túmulo de um individuo sub-adulto, enterrado em um sarcófago. As presilhas de roupa usualmente ocorrem em pares e, tal como as píxides, podem ter sido interpretados de forma um tanto inexata nas estimativas de atribuição de sexo realizadas por Orsi, que vê nestas peças indicadores de enterramentos femininos.

Duas tumbas contém fragmentos de vasos metálicos, ocorrendo sempre em relação ou a enterramentos múltiplos ou a indivíduos sub-adultos e somadas a deposições de cerâmica mais intensas. Uma destas tumbas munidas de vaso em metal, apresentando nove arriba-los é a mesma do enterramento infantil com as 25 fíbulas. Outra, com quatro aríbalos e um anel feito em prata acompanha o enterramento de um adulto e quatro crianças. Um vaso em matal razoavelmente bem preservado, um botão feito em ouro, quatro fíbulas e um aríbalo também foi resgatado de um sarcófago contendo quatro indivíduos.

Em termos de cronologia para os materiais metálicos temos que a deposição de ouro ocorre apenas nos túmulos mais recentes, com os objetos de prata nunca ocorrendo, túmulos datáveis dos inícios da necrópole, se tornando rara á partir da fase intermediária do sítio e mais comum ao estágio final. O bronze é o metal mais numeroso entre as amostras, ocorrendo da fase intermediária em diante. Pequenas quantidades de ferro ocorrem consistentemente em todas as fases.

Novamente os materiais mais caros e privilegiados parecem acompanhar enterramentos sub-adultos, como por exemplo, no enterramento de uma menina contendo em prata, brincos eléctro, uma fíbula em ferro com detalhes em marfim e fragmentos de um vaso cerâmico de grandes dimensões. Assim como nos exemplos anteriores este enterramento foi realizado em sarcófago, sugerindo fracamente que esta prática fosse mais prestigiosa. No entanto esta correlação poderia ser apenas o resultado do efeito do esquife em melhor preservar as peças ou, ao menos, em dificultar relativamente seu saque.

Infelizmente a preservação dos esqueletos é pobre, e os registros de sua escavação bastante sucintos. Mesmo com esta limitação se pode afirmar, no entanto, a existência de uma razoável constância nos dois padrões de deposição mais visíveis no Fusco arcaico. Um padrão inicial mais restrito e, a partir da cronologia intermediária, um padrão com amplo uso de materiais estrangeiros.

 Antiga necrópole grega encontrada na Sicília.

ÁREAS SAGRADAS 

Apesar das duas campanhas de escavação conduzidas por Paolo Orsi em 1899 e 1927 e das inúmeras campanhas realizadas na segunda metade do século passado, a cidade ainda é parcialmente conhecida. Os restos mais importantes da cidade são constituídos pela parede de fronteira preservada em bom estado especialmente no lado norte e oeste, em que foram identificadas duas fases, uma do século VI a.C. e outra, na parte sudoeste, do século IV a.C. incluindo uma área sagrada dedicada a Deméter com uma grande stoa, da era helenística (século II acc..), e os restos de uma caverna de um teatro, parcialmente cavado na colina e parcialmente construído em alvenaria, talvez conectado com o santuário do Deméter.

Também neste setor do sudoeste, foram construídos: o templo de Asklepeion ou Sanatório, dedicado ao deus Esculápio (século IV a.C.), e um pequeno Tesauròs, que é um edifício em forma de um pequeno templo em antes (ao ar livre), destinado a hospedar oferendas votivas e datado da segunda metade do século IV. No canto sudeste do circuito urbano havia sido, nos tempos gregos, construído uma fortaleza, o Castellum, mencionado por Plínio, o Velho (século I de .C.). Neste local, o Conde Blasco Alagona, em 1353, construiu uma torre de vigilância para a defesa da costa.

Planta com as áreas sagradas de Heloros.

Fora dos muros, na praia ao norte da cidade, havia outra área suburbana sagrada dedicada ao Demeter. Aqui foi construído o santuário mais importante dedicado a Deméter e Kore (século VI a.C.) no qual foram encontrados numerosos ex voto preservados no Museu Arqueológico de Noto. A noroeste estava a Coluna Pizzuta, um monumento funerário, consistindo de uma coluna colossal em rocha calcária (diâmetro de 3,80 m e altura reconstruível em cerca de 10 m). Nas proximidades havia um “hipogeum” esculpido na rocha, datável para a segunda metade do século III a. C.., já visto nas escavações de Orsi em 1899 e posteriormente enterrado

CERÂMICA

A caracterização química da cerâmica Monte Finocchito, mas também para determinar se diferenças na cultura material ocorrem entre Monte Finocchito e Heloros.

Documentos mostram que todos os tipos de Monte Finocchito estão agrupados dentro de um mesmo grande grupo, sugerindo que diferentes fontes de argila crua foram igualmente empregadas para qualquer tipo de vaso e que argila foi provavelmente coletada a uma distância próxima e facilmente acessível do local. Até embora possamos imaginar que as atividades de intercâmbio local pelas populações indígenas eram possíveis, os resultados sugerem que os habitantes indígenas de Finocchito não interagiam muito, se olharmos para a troca de cultura material, com os grupos vizinhos, provavelmente por causa de uma forte identidade ou como consequência de condições geográficas e econômicas. Mesmo que novos tipos de embarcações tenham sido introduzidos aos indígenas na esfera funerária, influenciada pela cultura grega, a fabricação era local e a imitação do vaso são poucos. Portanto, o conjunto de dados sugere que para todo o período os ceramistas indígenas navios de fabricação em Monte Finocchito empregaram o mesmo tipo de mistura de argila sem modificar o acabado com tecido ou técnica, e usando-o para uma variedade de tipos diferentes de recipientes. Os resultados sugerem como a sociedade indígena manteve sua própria identidade na produção de cerâmica. Esses novos dados fornecem não apenas uma maior compreensão do nível da tecnologia da cerâmica antiga, mas também do nível social, econômico e cultural.

Vaso decorado “de modo semelhante a um “cânopo”.

Cântaro de um simpósio com figuras vermelhas, cerca de 420-425 a.C.

Cerâmicas tradicionais, no Showroom das cerâmicas Vasallona, em Caltagirone. 

COMO ERAM AS GUERRAS

Infelizmente sobre as guerras não conseguimos achar de um modo genérico, apenas de um modo especifico, mas as informações que temos a seguir irá nos dar algumas informações sobre como elas ocorriam.

As fontes literárias fornecem informações escassas sobre o antigo local que estava ligado a Siracusa pela estrada Heloriana. Em 493 a.C. Hipócrates, filho de Pantares, conhecido como “tirano de Gela” derrotou os siracusianos no território Heloriano e, em 263 a.C., em virtude do tratado de paz entre Hieron II e Roma, a cidade passou para o controle de Siracusa.

Esse foi um episódio místico, um episódio de grande importância para a cidade de Heloros,esse episódio aconteceu na paisagem do rio Heloros. Essa batalha entre os siracuanos e as tropas do tirano Hipócrates de Gela em Heloros, que teria acontecido em 493.

Em nosso entender, em qualquer interpretação que se dê aos dados textuais e arqueológicos pode com efeito representar o primeiro assentamento de sículos promovidos por Siracusa, interpretação aventada por Copani. Segundo este autor estudioso de Heloros, em negociação com os sículos que perdiam suas terras nas proximidades de apoikia, Siracusa os instala nestes promontório com a finalidade marcar os limites do sul de seu domínio, e sobretudo defender a costa sul da Sicília de futuras fundações gregas.

Ruínas do antigo teatro de Heloro, Sicília, nas margens do mar Jônico, na Sicília perto das cidades de Noto, província de Siracusa,

A ESTRUTURA DA CIDADE.

A organização urbana estava centrada em uma estrada principal que cruzou, ao longo do cume, toda a colina de Norte a Sul juntando-se aos dois portões principais e que levou o viajante para a Via Elorina que levou a Siracusa.

Esta estrada foi atravessada por estradas não perfeitamente ortogonais com um espaço não grande desprovido de edifícios (talvez o agora) colocados no centro do morro. As quatro necrópoles da cidade (distinguidas pelos estudiosos modernos com as primeiras letras do alfabeto) estavam localizadas no terraço rochoso ao norte da cidade. Nas alturas próximas à cidade estavam localizadas a necrópole que data do século VI a.C.

Fundada no século VII a.C., Heloro é uma antiga cidade grega, cujas ruínas estão localizadas na foz do rio Tellaro, perto de Noto.

Está localizado em um lugar de beleza excepcional: a parte norte da reserva natural de Vindicari. 

COMO ESTÁ ATUALMENTE

Hoje, a moderna Heloro também é conhecida pela sua praia, particularmente indicada para quem procura sossego e descanso, bem como uma paisagem de excepcional beleza.

Para todos aqueles que ama a Itália e sua antiguidade, Heloro oferece a possibilidade de um encontro excepcional com a cidade antiga e seus monumentos.

Por último para os amantes da natureza, observamos que o Parque Arqueológico de Heloro se encontra na Reserva Natural “Vindicari” um dos últimos recantos dunares recobertos pelo matagal típico do Mediterrâneo, Vindicari é justamente famoso como local de descanso de aves aquáticas migratórias, com centenas de espécies de aves, como garças, colhereiros, flamingos, patos, gaivotas e biguás.

No mundo antigo, Vindicari também era famosa pelo seu setor pesqueiro (pesca e processamento) e os peixes eram sagrados entre os gregos e romanos, e hoje é igualmente famosa pela produção de vinhos finos como Heloro.

Praia de Heloros antes da pandemia de Covid-19.

CONCLUSÃO

Em virtude do que mencionado neste documento, é possível compreender como foi a sociedade de Heloros, a economia da cidade, em suma vimos diversos aspectos da sociedade, que irá nos possibilitar compreender essa sociedade de um modo geral como ela foi no passado e como é no presente. Por fim, essas informações serão úteis para o conhecimento desta cidade-estado.

REFERÊNCIAS

https:/drive.google.com/file/d/1t0vqBLCrwbgTUi- rZjDhKoeCDCw3ue5w/view?usp=drivesdk

http:/labeca.mae.usp.br/en/city/3/

https://en.wikipedia.org/wiki/syracuse,_Sicily

https://drive.google.com/file/d/1tAADTQE2FMhZa962dNzogvuHbTs7nYww/view?usp

=drivesdk

http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3A1999.04.0006%3Aentry%

3Dheloros

https://en.wikipedia.org/wiki/Helorus

https://www.italythisway.com/places/eloro.php

Pesquisa desenvolvida pelos estudantes do 1º ano do Ensino Médio com Habilitação Profissional de Técnico em Administração, no ano de 2021.

Cassiane Barreto de Oliveira
Daniele Soares Bueno
Julia Pereira Pedra de Oliveira
Sabrina Fernanda Andrade
Sophia Santos Bitencourt

RAÍZES DO BRASIL

de Sérgio Buarque de Holanda

Capa da obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda

RESUMO: RAÍZES DO BRASIL

Sergio Buarque analisa os fundamentos do nosso destino histórico, as “raízes”, aludidas pela metáfora do título, mostrando a sua manifestação nos aspectos mais diversos, a que somos levados pela maneira ambulante de composição, que não recusa as deixas para uma digressão ou um parêntese, apesar da concatenação geral ser tão rigorosa. Trabalho e aventura; método e capricho: rural e urbano; burocracia e caudilhismo; norma impessoal e impulso afetivo. Esses são pares que o autor destaca no modo-de-ser ou na estrutura social e política, para analisar e compreender o Brasil e os brasileiros.

O capítulo 1, “Fronteiras da Europa”, que já evidenciava o gosto pelo enfoque dinâmico e o senso da complexidade.

Ao analisar, por exemplo, a colonização da América, mostra as diferenças resultantes dos dois países, completando uma visão do múltiplo no seio do uno. Nesse prelúdio estão as origens mais remotas dos traços que estudará em seguida; é o caso do tradicional personalismo, de que provêm a frouxidão das instituições e a falta de coesão social.

No capítulo seguinte, “Trabalho & Aventura”, surge a tipologia básica do livro que distingue o trabalhador e o aventureiro, representando duas éticas opostas: uma, busca novas experiências, acomoda-se no provisório e prefere descobrir a consolidar; outra, estima a segurança e o esforço, aceitando as compensações a longo prazo.

Para interpretação da nossa história, interessa notar que o continente americano foi colonizado por homens do primeiro tipo, cabendo ao “trabalhador”, no sentido aqui compreendido, papel limitado, quase nulo. Aventureiros, sem apreço pelas virtudes da pertinácia e do esforço apagado, foram os espanhóis, os portugueses e os próprios ingleses, que só no século XIX ganhariam o perfil convencional porque os conhecemos. Quanto ao Brasil, diz o autor que essas características forma positivas, dada as circunstâncias, negando que os holandeses pudessem ter feito aqui o que alguns sonhadores imaginam possível.

“Herança rural”, o terceirocapítulo, parte da deixa relativa à agricultura, analisa a marca da vida rural na formação da sociedade brasileira. A essa altura define-se no livro uma segunda dicotomia básica, a relação rural-urbano, que marca em vários níveis a fisionomia do Brasil.

Tudo dependia no passado, da civilização rústica, sendo os próprios intelectuais e políticos um prolongamento dos pais fazendeiros e acabando por “dar-seao luxo” de se oporem a tradição.

A grande importância dos grupos rurais dominantes encastelados na autarquia econômica e na autarquia familiar, manifesta-se no plano mental pela supervalorização do “talento”, das atividades intelectuais que não se ligam ao trabalho material e parecem brotar de uma qualidade inata, como seria a fidalguia.

A alusão à cidade estabelece uma conexão com o capítulo 4 “O semeador e o ladrilhador”, que começa pelo estudo da importância da cidade como instrumento de dominação e da circunstância de ter sido fundada neste sentido. Aqui chegamos a um dos momentos em que se nota a diferença entre espanhol e português, depois da caracterização comum do princípio.

“Ladrilhador”, o espanhol acentua o caráter da cidade como empresa da razão, contrária à ordem natural, provendo rigorosamente o plano das que fundou na América, ao modo de um triunfo da linha reta, e que na maioria buscavam as regiões internas. A isso correspondia o intuito de estabelecer um prolongamento estável da metrópole, enquanto os portugueses, norteados por uma política de feitoria, agarrados ao litoral, de que só se desprenderiam no século XVM, foram “semeadores” de cidades irregulares, nascidas e crescidas ao deus-dará, rebeldes a norma abstrata.

O capítulo sobre “o homem cordial” aborda características que nos são próprias, como consequência dos traços apontados antes. Formado nos quadros da estrutura familiar, o brasileiro recebeu o peso das “relações de simpatia”, que dificultam a incorporação normal a outros agrupamentos. Por isso, não acha agradáveis as relações impessoais, características do Estado, procurando reduzi-las ao padrão pessoal e afetivo. Onde pesa família, sobretudo em seu molde tradicional, dificilmente se forma a sociedade urbana de tipo moderno. Em nosso país, o desenvolvimento da urbanização criou um “desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje”. E a essa altura, Sergio Buarque de Holanda emprega, penso que pela primeira vez no Brasil, os conceitos de “patrimonialismo” e “burocracia”, devidos a Max Weber, a fim de elucidar o problema e dar um fundamento sociológico a caracterização do “homem cordial”, expressão tomada a Ribeiro Couto.

O capítulo 6, “Novos tempos”, estuda certas consequências dos anteriores na configuração da sociedade brasileira, a partir da vinda da família real, que causou o primeiro choque nos velhos padrões coloniais.

Retomando o problema dos intelectuais, o autor assinala agora a satisfação com o saber aparente, cujo fim está em si mesmo e por isso deixa aplicar-se a alvo concreto, sendo procurado sobretudo como fator de prestígio para quem sabe. Já que a natureza dos objetivos é secundária, os indivíduos mudam de atividade com uma frequência que desvenda essa busca de satisfação meramente pessoal.

Devido à crise das velhas instituições agrárias, os membros das classes dominantes transmitiam facilmente para tais profissões, desligadas da necessidade de trabalho direto sobre as coisas, que lembra a condição servil.

Relacionando a tais circunstâncias o nosso culto tradicional pelas formas impressionantes, o exibicionismo, a improvisação e a falta de aplicação seguida, o autor interpreta a voga do positivismo no Brasil como decorrência desta última característica, pois o espírito repousava satisfeito nos seus dogmas indiscutíveis, levando ao máximo a confiança nas ideias, mesmo quando implacáveis.

O capítulo 7, “Nossa revolução”, é bastante compacto e precisa ser lido com sendo dos subentendidos, pois a composição reduz ao mínimo os elementos expositivos. O seu movimento consiste em sugerir (mais do que mostrar) como a dissolução da ordem tradicional ocasiona contradições na resolvidas, que nascem no nível da estrutura social e se manifestam no das instituições e ideias políticas.

Um dos seus pressupostos, talvez o fundamental, é a passagem do rural ao urbano, isto é, ao predomínio da cultura das cidades, que tem como consequência a passagem da tradição ibérica ao novo tipo de vida, pois aquela dependia essencialmente das instituições agrárias.

Esta transformação tem como episódio importante a passagem da cana-de-açúcar ao café, cuja exploração é mais ligada aos modos de vida modernos.

Daí o aspecto relativamente harmonioso do Império, ao contrário da República, que não possui substrato íntegro, como era o de tipo colonial. Cria-se então um impasse, que é resolvido pela mera substituição dos governantes ou pela confecção de leis formalmente perfeitas.

Chegado a este ponto, Sérgio Buarque de Holanda completa seu pensamento a respeito das condições de uma vida democrática no Brasil, dando ao livro uma atualidade que, em 1936, o distinguia dos outros estudos sobre a sociedade tradicional e o aproximava de autores que respondiam em parte ao nosso desejo de ver claro na realidade presente, como Virginio Santa Rosa.

Para ele, a “nossa revolução” é a fase mais dinâmica, iniciada no terceiro quartel do século XIX, do processo de dissolução da velha sociedade agrária, cuja base foi suprimida de uma vez por todas pela Abolição.

E Sergio Buarque de Holanda pensa que os acontecimentos do nosso tempo na América Latina se orientam para esta ruptura do predomínio das oligarquias, com o advento de novas camadas, condição única para vermos “finalmente revogada a velha ordem colonial e patriarcal, com todas as consequências morais, sociais e políticas que ela acarretou e continua a acarretar”.

Não é impossível que se traduza diretamente formas de expressão social capazes de restringir ou comprometer as esperanças de qualquer transformação profunda. Estas tendências de tipo reacionário bem poderiam, para o autor, encarnar-se na propensão sul-americana para o caudilhismo, que intervém no processo democrático como forma suprema do personalismo e do árbitro. No entanto, parece-lhe que há entre nós condições que permitem a convergência rumo à democracia, como a repulsa pela hierarquia, a relativa ausência dos preconceitos de raça e cor, o próprio advento das formas contemporâneas de vida.

Para nós, há trinta anos atras, Raízes do Brasil trouxe elementos como estes, fundamentando uma reflexão que nos foi da maior importância. Sobretudo porque o seu método repousa sobre um jogo de oposições e contrastes, que impede o dogmatismo e abre campo para a meditação de tipo dialético.

Do ponto de vista político, que, sendo o nosso passado um obstáculo, a liquidação das “raízes” era um imperativo do desenvolvimento histórico.

Formação do Brasil Contemporâneo representa a ideologia marxista, que tem como referência o trabalhador. No caso, fecundo marxismo à brasileira, que ficaria mais bem esclarecido em obras posteriores do mesmo autor.

Raízes do Brasil, caso diferente e curioso, exprime um veio pouco, conhecido, pouco localizado e pouco aproveitado do nosso pensamento político-social, em cuja massa predominante liberal e conservadora ele aparece de maneira recessiva, entremeada ou excepcional.

Fronteiras da Europa

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas a sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambientes muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

A coletividade dos homens na terra era uma simples parábola e espelhava palidamente a cidade de Deus. Assim, na filosofia tomista, os anjos que compõem as três ordens da primeira hierarquia, os Querubins, os Serafins e os Tronos, sair equiparados aos homens que formam o entourageimediato de um monarca medieval: assistem o soberano no que ele realiza por sim mesmo, são os seus ministros e conselheiros. Os da segunda hierarquia, as Dominações, as Potênciase as Virtudes, são, em relação a Deus, aquilo que para um rei são os governadores por ele incumbidos da administração das diferentes províncias do reino. Finalmente a terceira hierarquia correspondem, na cidade temporal, aos agentes do poder, os funcionários subalternos.

No fundo, o próprio princípio de hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal entre nós. Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios. E a verdade é que, bem antes de triunfarem no mundo as chamas ideias revolucionárias, portugueses e espanhóis parecem ter sentido vivamente a irracionalidade específica, a injustiça social de certos privilégios, sobretudo dos privilégios hereditários.

No caso particular de Portugal, a ascensão, já ao termo do mestre de Avis, do povo dos mesteres e dos mercadores citadinos pôde encontrar menores barreiras do que nas partes do mundo cristão onde o feudalismo imperava sem grande estorvo.

Os elementos aristocráticos não foram completamente alijados e as formas de vida herdadas da Idade Média conservaram, em parte, seu prestígio antigo.

Por estranho que pareça, a própria ânsia exibicionista dos brasões, a profusão de nobiliários e livros de linhagem constituem, em verdade, uma das faces da incoercível tendência para o nivelamento das classes, que ainda tomam por medida certos padrões de prestígio social longamente estabelecidos e estereotipados. A verdadeira, a autêntica nobreza já não precisa transcender ao indivíduo; há de depender das suas forças e capacidades, pois mais vale a eminência própria do que a herdada.

O círculo de virtudes capitais para a gente ibérica relaciona-se de modo direto com o sentimento da própria dignidade de cada indivíduo.

O mérito pessoal, quando fundado em tais virtudes, teve sempre importância ponderável. Semelhante a concepção é que, prolongada na teologia, iria ressuscitar, em pleno século XVI, a velha que-rela do pelagianismo, encontrando sua manifestação mais completa na doutrina molinista.

Efetivamente, as teorias negadoras do livre arbítrio foram sempre encaradas com desconfiança e antipatia pelos espanhóis e portugueses.

Foi essa mentalidade, justamente, que se tornou o maior óbice, entre eles, ao espírito de organização espontânea, tão característica de povos protestantes e sobretudo de calvinista. Nas nações ibéricas, a falta dessa racionalização da vida, que tão cedo experimentaram algumas terras protestantes, o princípio unificador foi sempre representado pelos governos.

Um fato que não se pode deixar de tomar em consideração no exame de psicologia desses povos é a invencível repulsa que sempre lhes inspirou toda moral fundada no alto culto ao trabalho.

Só muito recentemente, com o prestígio maior das instituições dos povos do Norte, é que essa ética do tralho chegou a conquistar algum terreno entre eles. Mas as resistências que encontrou e encontra têm sido tão vivas e perseverantes, que é ilícito duvidar do êxito completo.

Também se compreende que a carência dessa moral de trabalho se ajustasse bem a uma reduzida capacidade de organização social. Efetivamente o esforço humilde, anônimo e desinteressado é agente poderoso da solidariedade dos interesses e, como tal, estimula a organização racional dos homens e sustenta a coesão entre eles.

A bem dizer, a solidariedade, entre eles, existesomente onde há vinculação de sentimentos do que relações de interesses no recinto doméstico ou entre amigos.

Á autarquia do indivíduo, à exaltação extrema da personalidade, paixão fundamental e que não tolera compromissos, só pode haver uma alternativa: a renúncia a essa mesma personalidade em vista de um bem maior.  Por isso mesmo que era rara e difícil, a obediência aparece algumas vezes, para os povos ibéricos, como virtude suprema entre todas.

Foram os jesuítas que que representaram, melhor que ninguém, esse princípio da disciplina pela obediência.

Hoje, a simples obediência como princípio de disciplina parece uma fórmula caduca e impraticável e daí, sobretudo, a instabilidade constante de nossa vida social.

Nas formas de vida coletiva é possível assinala-se de dois princípios que combatem e regulam diversamente a atividades dos homens.

Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental entre os povos e caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns, o objeto final, mira de todo esforço, o ponto de chegada, assume relevância tão capital, que chega a dispensar, por secundários quase supérfluos, todos os processos intermediários.

O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar.

Existe uma ética de trabalho, como existe uma ética da aventura. Assim, o indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro.

Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; as energias que visam a estabilidade, a paz, a segurança, pessoal e os esforços em perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário, por viciosos e desprezíveis para eles.

Na obra da conquista e colonização dos novos mundos coube ao “trabalhador”, no sentido aqui compreendido, papel muito limitado, quase nulo. A época predispunha aos gestos e façanhas audaciosos, galardoando bem os homens de grandes voos. E não foi fortuita a circunstância de terem se encontrado neste continente, empenhadas nessa obra, principalmente as nações onde o tipo do trabalhador, tal como acaba de ser discriminado, encontrou ambiente menos propício.

Tende, muito ao contrário, para a indolência e para a prodigalidade, e estima, acima de tudo, a “boa vida”. Era essa a opinião corrente, quase unânime, dos estrangeiros que visitavam a Grã- Bretanha antes da era vitoriana.

Conceitos como esses voltam a exprimir, em nossos dias, esse bom conhecedor e historiador do caráter inglês que é William Ralph Inge. O deão da catedral de St. Paul observa, emlivro rico de interessantes sugestões, que o “inglês médio não tem presentemente nenhum gosta pela diligência infatigável, laboriosa dos alemães, ou pela frugalidade parcimoniosa dos franceses”.

Os povos ibéricos mostram uma aptidão para a caça aos bens materiais em outros continentes? “Um português”, comentava certo viajante em fins do século XVM, “pode fretar um navio para o Brasil com menos dificuldade do que lhe é preciso para ir a cavalo de Lisboa ao porto.

Neste ponto, principalmente os portugueses e seus descendentes imediatos foram inexcedíveis. Procurando recriar aqui o meio de sua origem, fizeram-no com uma facilidade que ainda não encontrou, talvez, segundo exemplo na história.

Aos índios tomaram ainda instrumentos de caça e pesca, embarcações de casca ou tronco escavado, que singravam os rios e águas do litoral, o modo de cultivar a terra ateando primeiramente fogo aos matos. A casa peninsular, severa e sombria, voltada para dentro, ficou menos circunspecta sob o novo clima, perdeu um pouco de sua aspereza, ganhando a varanda externa: um acesso para o mundo de fora.

Nas suas plantações de cana, bastou que desenvolvessem em grande escala o processo já instituído, segundo todas as probabilidades, na Madeira e em outras ilhas do Atlântico, onde o negro da Guiné era utilizado nas fainas rurais.

Aos portugueses e, em menor grau, coube, sem dúvida, a primazia no emprego do regime que iria servir de modelo à exploração latifundiária e monocultora adotada depois por outros povos. E a boa qualidade de terras no nordeste brasileiro para a lavoura altamente lucrativa de cana-de-açúcar dez com que essas terras se tornassem o cenário onde, por muito tempo, se elaboraria em seus traços mais nítidos o tipo de organização agrária mais tarde característico das colônias europeias situadas na zona tórrida. A abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas fez com que a grande propriedade rural se tornasse, aqui, a verdadeira unidade de produção.

E verificou-se, asfrustradas primeiras tentativas de emprego do braço indígena, que o recurso mais fácil estaria na introdução de escravos africanos.

Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais.

Numa produção de índole, semi capitalista, orientada sobretudo para o consumo externo, teriam de prevalecer por força critérios grosseiramente quantitativos. Em realidade, só com alguma reserva se pode aplicar a palavra “agricultura” ais processos de exploração da terra que se introduziram amplamente nos país com engenhos de cana.

A verdade é que a grande lavoura, conforme se praticou e ainda prática no Brasil, participa, por sua natureza perdulária, quase tanto de mineração quanto da agricultura. Sem braço escravo a terra farta, terra para gastar e arruinar, não para proteger ciosamente, ela seria irrealizável.

A mesma, em suma, que se tinha acostumado a alcançar na Índia com as especiarias e os metais preciosos. Os lucros que proporcionou de início, os esforços de plantar a cana e fabricar o açúcar para os mercados europeus, compensavam abundantemente esse esforço efetuado, de resto com as mãos e os pés dos negros, mas era preciso que fosse muito simplificado, restringindo-se ao espírito necessário às diferentes operações.

Quando lamentamos que a lavoura, no Brasil, tenha permanecido tão longamente aferrada a concepções rotineiras, sem progressos técnicos que elevassem o nível da produção, é preciso não esquecer semelhantes fatores. E é preciso, além disso, ter em conta que o meio tropical oferece muitas vezes poderosos e inesperados obstáculos à implantação de tais melhoramentos. Se a técnica agrícola adotada aqui pelos portugueses representou em alguns casos, comparadas às da Europa, um retrocesso, em muitos pontos verdadeiramente milenar, é certo que para isso contribuíram as resistências da natureza, de uma natureza distinta da europeia, não menos que a inércia e a passividades dos colonos. O escasso emprego do arado, por exemplo, em nossa lavoura de feição tradicional, tem sua explicação, em grande parte, nas dificuldades que ofereciam frequentemente as seu manejo os resíduos da pujante vegetação florestal.

Como a ninguém ocorria o recurso de revigorar os solos gastos por meio de fertilizantes, faltava o estímulo à melhoramentos de qualquer natureza. A noção que o trabalho de saraquá ou enxada é o único que as nossas terras suportam ganhou logo crédito. Em são Paulo, onde, como em outros lugares do Brasil, o emprego de processos menos rudimentares chegara a ser tentado desde o segundo século da colonização, se não antes em inventário data de 1637 já se assinala “hum ferro de arado” entre os deixados por certo lavrador da zona de Parnaíba, a força dessa convicção ligo contagiava os filhos do reino, conforme o atesta em 1766 um capitão general, em carta ao então conde de Oeiras. Que assim sucedesse com relação aos portugueses não é de admirar, sabendo-se que, ainda em nossos dias, os mesmos métodos predatórios e dissipadoresse acham em uso entre colonos de pura estripe germânica, e isso, não só no meio tropical que constituem as baixadas espírito-santenses, mas também em regiões de clima relativamente temperado como as do Rio Grande do Sul.

O contraste entre as condições normais da lavoura brasileira, ainda na segunda metade do século passado, e as que pela mesma época prevalecia no sul dos Estados Unidos é bem mais apreciável do que as semelhanças, tão complacentemente assinaladas e exageradas por alguns historiadores. Os fazendeiros oriundos dos estados confederados, que por volta de 1866 imigraram para o Brasil, e a cuja influência se tem atribuído, com ou sem razão, o desenvolvimento de emprego de arados, cultivadores, rodos e grades nas propriedades rurais paulistas, estiveram bem longe de partilhar da mesma opinião. Certos depoimentos da época refletem, ao contrário, o pasmo causado entre muitos deles pelos processos alarmantes primitivos que encontraram em uso.

Não cabia, nesse caso, modificar os rudes processos dos indígenas, ditados pela lei do menor esforço, uma vez, é claro, que se acomodassem às conveniências da produção em larga escala. Instrumentos, sobretudo passivos, nossos colonizadores aclimatam-se facilmente, cedendo às sugestões da terra e dos seus primeiros habitantes, sem cuidar de impor-lhes normas fixas e indeléveis. Mesmo comparados aos castelhanos, destacaram-se eles por esse aspecto. Na maioria parte das suas possessões da América, o castelhano raramente se identificou a tal ponto com a terra e a gente da terra: apenas superpôs-se, com frequência, a uma outra. Entre nós, o domínio europeu foi, em geral, brando e mole, menos obediente a regras e dispositivos do que à lei da natureza.

Ainda em nossos dias, um antropólogo distingui-os racialmente dos seus próprios vizinhos e irmãos, os espanhóis, por ostentarem um contingente maior de sangue negro.

Assim, afirma, para designar os diferentes povos da Europa, os suaíles discriminam sempre: europeus e portugueses.

Neste caso o Brasil não foi teatro de nenhuma grande novidade. A mistura com gente de cor tinha começado amplamente na própria metrópole. Já antes de 1500, graças ao trabalho de pretos trazidos das possessões ultramarinas, fora possível, no reino, estender a porção do solo cultivado, desbravar matos, dessangrar pântanos e transformar charnecas em lavouras, com o que se abriu passo à fundação de povoados novos.

Em uma carta de Clenardoa Latônio revela-nos, pela mesma época, como pululavam os escravos em Portugal. Todo o serviço era feito por negros e mouros cativos, que não se distinguiam de bestas de carga, se não na figura. “Estou em crer”, nota ele, “que em Lisboa os escravos e escravas são mais que os portugueses.”. Dificilmente se encontraria habitação onde não houvesse pelo menos uma negra. A gente mais rica tinha escravos de ambos os sexos, e não faltava quem tirasse bons lucros de venda de venda de filhos de escravos.

A mesma proporção aindase guardava mais para fins do século, a julgar pelos informes de Fillipo Sassetti, que andou em Portugal entre anos de 1578 e 1583.  Com o correr do tempo não deve ter diminuído essa intrusão de sangue estranho, que progredia, ao contrário, e não só nas cidades. Em 1665, Manuel Severim de Faria pode lastimar que os mais dos lavradores se sirvam de escravos de Guiné e mulatos.

O escravo das plantações e das minas não era um simplesmanancial de energia, um carvão humano à espera de que a épocaindustrial o substituísse pelo combustível. Com frequência as suas relações com os donos oscilavam da situação de dependente para a de protegido, e até a de solidário e afim. Sua influência penetrava sinuosamente o recesso doméstico, agindo como dissolvente de qualquer ideia de separação de castas ou raças, de qualquer disciplina fundada em tal separação.

A própria Coroa não hesitou, ocasionalmente, em temperar os zelos de certos funcionários mais infensos a essa tendência. Assim ocorreu, por exemplo, quando a um governador de Pernambuco se expediu, em 1731, para que se desse posse do oficial de procurador ao bacharel nomeado, Antonio Ferreira Castro, apesar da circunstância alegada de ser provido um mulato.

É preciso convir em que tais liberalidades não constituíam lei geral; de qualquer modo, o exclusivismo “racista”, como se diria hoje, nunca chegou a ser, aparentemente, o fator determinante das medidas que visavam reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos.

A esta, mais do que as outras razões, cabe a atribuir até certo ponto a singular importância que sempre assumiram, entre portugueses, as habilitações de genere. Também não seria outra a verdadeira explicação para o fato de se considerarem aptos, muitas vezes, os gentios da terra e os memelucos, a ofícios de que os pretos e mulatos ficavam legalmente excluídos.

É curioso notar como algumas características ordinariamente atribuídas aos nossos indígenas e que fazem menos compatíveis com a condição servil, sua “ociosidade”, sua aversão a todo esforço disciplinado, sua “imprevidência”, sua “intemperança”, seu gosto acentuado por atividades antes predatórias do que produtivas ajustam-se de forma bem precisa ais tradicionais padrões de vida das classes nobres. E deve ser por isso que, ao procurarem traduzir para termos nacionais a temática daIdade Média, própria do romantismo europeu, escritores do século passado, como Goncalves Dias e Alencar, iriam reservar ao índio virtudes convencionais de antigos fidalgos e cavaleiros, ao passo que o negro devia contentar-se, no melhor dos casos, com a posição de vítima submissa ou rebelde.

Uma das consequências da escravidão e da hipertrofiada lavoura latifundiária na estrutura de nossa economia colonial foi a ausência, praticamente, de qualquer esforço sério de cooperação nas demais atividades produtoras, ao posto que sucedia em outros países, inclusive nos da América espanhola.

Os sapateiros e curtidoresconstituíram-se no ano 1578, com propriedade da capela de São Crispim e São Crispiano, na catedral. Aí celebravam suas funções e festas. Tal como sucedeu no Brasil, mas em escala mais ampla do que entre nós, certos grêmios impuseram nome a ruas e praças, onde tinham agrupado suas tendas e, por vezes, também suas moradas; assim os boateiros, barreteiros, esteireiros, manteiros, algibebes, taberneiros, sombreiros, espadeiros, guitarreiros, oleiros, saboeiros e ferreiros.

No Brasil, a organização dos ofícios segundo moldes trazidos do reino teve seus efeitos perturbados pelas condições dominantes: prepotência absorvente do trabalho escravo, indústria caseira, capaz de garantir relativa independia aos ricos, entravando, por outro lado, o comércio, e, finalmente, escassez de artífices livre na maior parte das vilas e cidades.

Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizam, no Brasil, os trabalhadores rurais. Espelhava bem essas condições ao fato, notado por alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantesse distribuem as coisas mais disparatadas deste mundo, e era tãofácil comprarem-se ferraduras a um boticário como vomitórios a um ferreiro.

Da tradição portuguesa, que mesmo em território metropolitano jamais chegara a ser extremamente rígida nesse particular, pouca coisa se conservou entre nós que não tivesse sido modificada ou relaxada pelas condições adversas do meio. Manteve-se melhor do que outras, como é fácil imaginar, a obrigação de irem os ofícios embandeirados, com suas insígnias, às procissões reais, o que se explica simplesmente pelo gosto dos aparatos e os dos espetáculos coloridos, tão peculiar a nossa sociedade colonial.

Por outro lado, seria ilusório pretender relacionar a presença dessas formas de atividade coletiva a alguma tendência para a cooperação disciplinadae constante. De fato, o alvo material do trabalho em comum importa muito menos, nesses casos, do que os sentimentos e inclinações que levam um indivíduo ou um grupo de indivíduos a socorrer o vizinho ou amigo precisando de assistência.

Tanto. Competição como a cooperação são comportamentos orientados, embora de modo diverso, para um objetivo material comum: é, em primeiro lugar, sua relação com esse objetivo o que o mantem os indivíduos respectivamente separados ou unidos entre si.

O peculiar da vida brasileiras parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras.

O sucesso de um tipo de colonização como o dos holandeses poderia fundar-se, ao contrário, na organização de um sistema eficiente de defesa para à sociedade dos conquistadores contra um princípio tão dissolventes. O que faltava em plasticidade aos holandeses sobrava-lhes sem dúvida, em espírito de empreendimento metódico e coordenado, em capacidade de trabalho e em coesão social. Apenas o tipo de colonos que eles nos puderam enviar, durante todo o tempo de seu domínio nas terras do Nordeste brasileiro, era menos adequado a um país em formação.

Progresso urbano era ocorrência na nova vida brasileira, e ocorrência que ajuda a melhor distinguir, um do outro, os processos colonizadores de “flamengos” e portugueses. Ao passo que em todo o resto do Brasil as cidades continuavam simples e pobres dependência dos domínios rurais, a metrópole pernambucana “vivia por si”. Ostentavam-se nela palácio monumentais como o de Schoonzicht e o de Vrijburg. Seus parques opulentos abrigavam os exemplares mais variados da flora e da fauna indígenas.

O esforço dos conquistadores batavos limitou-se a erigir uma grandeza de fachada, que só aos incautos podia massacrar a verdadeira, a dura realidadeeconômicaem que se debatiam. Seu empenho de fazer o Brasil uma extensão tropical de pátria europeia sucumbiu desastrosamente ante a inaptidão que mostraram para fundar a prosperidade na terra, mas bases que lhe seriam naturais, como, bem ou mal, já tinham os feitos os portugueses.

O insucesso da experiência holandesa no Brasil é, em verdade, mais uma justificativa para a opinião, hoje corrente entre alguns antropologistas, de que os europeus do Norte são incompatíveis com as regiões tropicais.

É importante que ao oposto do catolicismo, a religião reformada, trazida pelos invasores, não oferecia nenhuma espécie de excitação aos sentidos ou à imaginação dessa gente, e assim não proporcionava nenhum terreno de transição por onde religiosidade pudesse acomodar-se aos ideais cristãos.

Desses calvinistas holandeses, é impossível dizer-se, como se disse, por exemplo, dos puritanos da América do Norte, que, animados pela inspiração bíblica, se sentiram identificados como povos de Israel a ponto de assimilarem os indivíduos de outras castas, de outro credo e de outra cor, estabelecidos na Nova Holanda, aos cananeus do Antigo Testamento que o senhor entregara a raça eleita para ser destruídos e subjugados.

Observações coloca-nos em face de um problema que toca de perto a matéria aqui tratada. Por que motivo, no Brasil, como aliás em tida América Latina, os colonizadores europeus retrocederam, geralmente, da lavoura de arado para a de enxada, quando não se conformam simplesmente aos primitivos processos dos indígenas?

Duas causas explicam suficientemente, a persistência dos métodos mais primitivos de lavoura nas colônias alemãs do Sul do Brasil. A primeira está em que essas colônias se acham distribuidoras, dm sua maioria, ao longo da região serrana e ocupam encostas de morro, em direção aos vales.  A segunda causa invocada para explicar a persistência dos processos primitivos em que a experiência de várioslavradores mostrou como o emprego do arado é muitas vezes contraproducente em certas terras tropicais e subtropicais.

A razão deveria estar em que os arados trazidos pelos espanhóis para suas possessões americanas lavraram, em geral, a pouca profundidade. Nesse ponto, não se distinguiam-se muito da tacllaou arado de pé dos antigos quíchuas: a criação mais avançada da técnica agrária da América pré-colombiana.

Á América portuguesa mal chegaram. Esses e outros progressos técnicos de que desfrutaram os índios das Missões. A lavoura entre nós continuou a fazer-se nas florestase à custa das.

Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos. É preciso considerar esse fato para se compreenderem exatamente as condições que, por via direta ou indireta, nos governamaté muito depois de proclamada a nossa independência política e cujos reflexos não se apagaram ainda hoje.

Tão incontestado, em realidade, que muitos representantes da classe dos antigos senhores puderam, com frequência, dar-se ao luxo de inclinações anti tradicionalistas e mesmo em empreender alguns dos mais importantes movimentos liberais que já se operaram em todo o curso de nossa história.

Os interessados no negócio tinham logrado organizar uma extensa rede de precauções que salvaguardassem o exército franco de suas atividades. Desenvolvendo um sistema apurado de sinais e avisos costeiros para indicar qualquer perigo a aproximação dos navios negreiros, subvencionados jornais, subornando funcionários, estimulando, por todos os modos, a perseguição política ou policial aos adversários, julgaram assegurada para sempre a própria impunidade, assim como a invulnerabilidade das suas transações.

A queda súbita que se assinala neste último ano resulta, aliás, não só da aprovação da lei Eusébio de Queiroz, que é de 4 de setembro, como da intensificação das atividades britânicas de repressão ao tráfico.

A eficiência das medidas adotadas reflete-se no fato de, já em 1851, terem entrado no país apenas 3287 negros, 700 em 1852.

Depois disso, só se verificaram pequenos desembarques, entre eles o de Sirinhaém, em Pernambuco, e o de São Mateus, no Espírito Santo, que resultaram na apreensão, por parte das autoridades, de mais de 500 africanos.

A própria fundação do Banco do Brasil de 1851 está, segundo parece, relacionada com o plano deliberado de aproveitamento de tais recursos na organização de um grande instituto de crédito.

Pode-se dizer que, das cinzas do tráfico negreiro, iria surgir uma era de aparato sem precedentes em nossa história comercial.

O termômetro dessa transformação súbita pode ser fornecido pelas cifras relativas ao comércio exterior do Império. Até 1850, nossas importações jamais tinham chegado a atingir a soma de 60.000 pontos por ano. Entretanto, no exercício de 1850-1, alcançam de um salto, 76918:000$000, e no 1851-2, 92860:000$000, de então por diante, até 1864, registram-se alguns declínios que, contudo, não afetam a tendência geral para o progressivo aumento de quantidade e valores.

Os fazendeiros endividados pelo recurso constante aos centros urbanos, onde se proviam de escravos, não encaravam desconfiança os novos remédios que, sob a capa de curara enfermidades momentâneas, pareciam uma permanente ameaça aos fundamentos tradicionais de seu prestígio.

A própria instabilidade das novas fortunas, que ao menor vento contrário se desfaziam, vinham dar boas razões a esses nostálgicos do Brasil rural e patriarcal. Eram dois mundos distintos que se hostilizavam com rancor crescente, duas mentalidades que se opunham como ao racional se opõem o tradicional, ao abstrato o corpóreo e o sensível, o citadino e cosmopolita ao regional ou paroquial. O malogro comercial de um Mauá, também indícioeloquente da radical incompatibilidade entre as formas de vida copiadas de nações socialmente mais avançadas, de um lado, e o patriarcalismo e personalismo fixados entre nós por uma tradição de origens seculares. Muitas das grandes iniciativas progressistas que se devem a Irineu Evangelista de Souza puderam ser toleradas e até admiradas, enquanto não comprometesse esses padrões venerandos.

O ministério Rio Branco, colocará seus “interesses de mercador” acima da lealdade partidária, a atitude que encarna o liberal Silveira Martins é justamente a de um conservador e tradicionalista, no sentido mais amplo que possa ter essas palavras.

“No Brasil”, escrevia em 1885 o naturalista norte americano Herbert Smith, “vigora quase universal a ideia de que é desonroso para uma pessoa abandonar seu partido; os que o fazem são estigmatizados com traidores”. E acrescentava: “ora, esseespírito de fidelidade é bom em si, porém mal na aplicação; um homem não age bem quando deserta de um parente, de um amigo, de uma casa nobre; mas não age necessariamente mal quando se retira de um partido político: as vezes o mal está em apegar-se a ele”

No Maranhão, em 1735, queixava-se um governador de que não vivia a gente em comum, mas em particular, sendo a casa de cada habitante ou de cada régulo uma verdadeira república, porque tinha os ofícios que as compunham, como pedreiros, carpinteiros, barbeiros, sangrador, pescador, etc.

Nos domínios rurais é o tipo de família organizada segundo as normas clássicas do velho direito romano- canônico, mantidas na península Ibérica através de inúmeras gerações, que prevalecem como base e centro de toda organização. Os escravos das plantações e das casas, e não somente escravos, como os agregados, dilatam o círculo familiar e, com ele, a autoridade imensa do pater-famílias

Nesse ambiente, o pátrio poder é virtualmente ilimitado e poucos freios existem para sua tirania. Não são raros os casos com o de um Bernardo Viera de Melo, que, suspeitando a nora de adultério, condena-a a morte em conselho de família e manda executar a sentencia, sem que a justiça de um único passo no sentido de impedir o homicídio ou de castigar o culpado a despeito de toda a publicidade que deu ao fato o próprio criminoso.

O prestígio universal do “talento”, com o timbre particular que recebe essa palavra nas regiões, sobretudo, onde deixou vinco mais forte a lavoura colonial e escravocrata, como os são eminentemente as do nordeste do Brasil, provem sem dúvida do maior decoro que parece conferir a qualquer indivíduo o simples exercício da inteli0gencia, em contraste com as atividades que requerem algum esforço físico.

Às faculdades intelectuais competiria, no seu, modo de ver a imensa tarefa de aliviar as atividades corporais “pelo estudo das leis e obras do criador”, a fim de “terem os homens a maior riqueza possível com o menor trabalho possível”

A “inteligência”, que há de constituir o alicerce do sistema sugerido por Silvia Lisboa, é, assim, um princípio essencialmente antimoderno. Nada, com efeito mais oposto ao pensamento econômico oriundo da Revolução Industrial e orientado pelo emprego progressivo da máquina do que essa primazia conferida a certos fatores subjetivos, irredutíveis a leis de mecânica e a termos de matemática.

A família patriarcal fornece, assim, o grande modelo por onde se hão de calcar, na vida política, as relações entre governantes e governados, entre monarcas e súditos. Uma lei moral e inflexível, superior a todos os cálculos e vontades dos homens, pode regular a boa harmonia do corpo social, e, portanto, deve ser rigorosamente respeitada e cumprida.

No Brasil, o decoro que corresponde ao poder e as instituições de governo não parecia conciliáveis com as excessivas importâncias assim atribuída a apetites tão materiais, por isso mesmo subalterno e desprezíveis de acordo com as ideias mais geralmente aceitas. Era preciso, para se fazerem vulneráveis, que as instituições fossem amparadas em princípios longamente consagrados pelo costume e pela opinião.

A própria revolução pernambucana de 1817, pode-se dizer que, embora tingida de “ideias francesas”, foi, em grande parte, uma reedição da luta secular do natural da terra contra o adventício, do senhor de engenho contra o mascate. Vitoriosa, é pouco provável que suscitasse alguma transformação verdadeiramente substancial em nossa estrutura político-econômica. Sabemos bem que, entre os condutores do movimento, muitos pertenciam de fato a chamada nobreza da terra, e nada indica que estivessem intimamente preparados para aceitar todas as consequências de seu gesto despindo-se das antigas prerrogativas.

Esse caráter puramente exterior, epidérmico, de numerosas agitações ocorrida entre nós durante os anos que antecederam e sucederam a Independência, mostra o quanto era difícil ultrapassarem-se os limites que a nossa vida que a nossa vida política tinha traçados certas condições específicas geradas pela colonização portuguesa. Um dos efeitos da improvisação quase forcada da de uma espécie de burguesia urbana no Brasil está em que certas atitudes peculiares, até então, ao patriciadorural logo se tornaram comuns a todas as classes como norma ideal de conduta. Estereotipada por longos anos de vida rural, a mentalidade de casa-grande invadiu assim as cidades e conquistou todas as profissões, sem exclusão das mais humildes.

O resultado que a distinção entre o meio urbano e a “fazenda” constitui no Brasil, e pode dizer-se em toda a América, o verdadeiro correspondente da distinção clássica e tipicamente europeia entre a cidade e a aldeia. Salvo muitas raras exceções, a própria palavra “camponês”, indicando o homem radicado ao seu rincão de origem através de inúmeras gerações, não corresponde no Novo Mundo a nenhuma realidade.

Procurou-se mostrar no presente capítulo como, ao mesmo em sua etapa inicial, esse processo correspondeu de fato a um desenvolvimento da tradicional situação de dependência em que se achavam colocadas as cidades em face dos domínios agrários.

Essas condições representam o prolongamento de um fato muito real e sensível, que prevaleceu durante o regime colonial. Durante largo tempo, de algum modo até a vinda da Corte portuguesa até o Rio de Janeiro, constituímos uma estrutura sui generis, mesmo comparados a outros países americanos, aqueles, em particular, onde a vida economia de apoiou quase totalmente, como aqui no trabalho servil.

Em alguns lugares da bacia do mediterrâneo, na Sicília, por exemplo, segundo informou Max Weber, não residiam os lavradores, em hipótese nenhuma, fora dos muros das cidades, devido à insegurança e aos extraordinários perigos a que se achavam expostos constantemente os domínios rurais. As próprias “vilas” romanas eram, antes de mais nada, construções de luxo, e não serviam para residencia habitual dos proprietários, mas para vilegiatura.

No Brasil colonial, entretanto, as terras dedicadas à lavoura eram a mirada habitual dos grandes. Só afluíam eles aos centrosurbanosa fim de assistirem aos festejos e solenidades. Nas cidades apenas residiam apenas alguns funcionários da administração, oficiais, mecânicos e mercadores em geral.

A pujança dos domínios rurais, comparada a mesquinhez urbana, representa fenômeno que se instalou aqui com os colonos portugueses, desde que fixaram à terra. E essa singularidade avulta quando posta em contraste com o que realizam os holandeses em Pernambuco.

O predomínio esmagador do ruralismo, segundo todas as aparências, foi antes um fenômeno típico do esforço dos nossos colonizadores do que uma imposição do meio. E vale a pena assinalar-se isso, pois parece mais interessante, e talvez mais lisonjeiro à vaidade nacional de alguns, a crença, nesse caso, em certa misteriosa “força centrífuga” própria ao meio americano e que tivesse compelido nossa aristocracia rural a abandonar a cidade pelo isolamento dos engenhos e pela vida rústica das terras de criação.

Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito da dominação portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas, que cedeu todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a ceder, que cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces, ‘do que em feitorizar uma riqueza fácil e quase ao alcance da mão.

Max Weber mostra admiravelmente como a fundação de cidades representou, para o Oriente próximo e particularmente para o mundo helenístico e para Roma Imperial, o meio específico de criação de órgãos locais de poder, acrescentando que o mesmo fenômeno se encontra na China, onde, ainda durante o século passado, a subjugação das tribos miaotse pôde ser identificada à urbanização de suas terras.

Os domínios rurais ganhavam tanto mais em importância, quanto mais livres se achassem da influência das fundações de centros urbanos, ou seja, quanto mais distassem das fronteiras. Mas não é preciso ir tão longe na história e na geografia.

O traçado dos centros urbanos na América espanhola denuncia o esforço determinado de vencer e retificar a fantasia caprichosa da paisagem agreste: é um ato definido da vontade humana. As ruas não se deixam modelar pela sinuosidade e pelas asperezas do solo; impõem-lhes antes o acento voluntário da linha reta. O plano regular não nasce, aqui, nem ao menos de uma ideia religiosa, como a que inspirou a construção das cidades do Lácio e mais tarde a das colônias romanas, de acordo com o rito etrusco; foi simplesmente um triunfo da aspiração de ordenar e dominar o mundo conquistado.

A construção da cidade começaria sempre pela chamada praça maior. Quando em consta de mar, essa praça ficaria no lugar de desembarque do Porto; quando em zona mediterrânea, ao centro da povoação. A forma da praça seria a de um quadrilátero, cuja largura correspondesse pelo menos a dois terços do comprimento, de modo que, em dias de festa nelas pudessem correr cavalos. Onde houvesse cavalos, seria mais largo. Assim, a povoação partia nitidamente de um centro; a praça maior representa aqui o mesmo papel do cardo e do decumanusnas cidades romanas, as duas linhas traçadas pelo lituus do fundador, de norte a sul e de leste a oeste, que serviam como referência para o plano futuro da rede urbana.

Na América portuguesa, entretanto, a obra dos jesuítas foi uma rara e milagrosa exceção. Ao lado do prodígio verdadeiramente monstruoso de vontade e de inteligência que constituiu essa obra, e do que também aspirou a ser colonização espanhola, o empreendimento de Portugal parece tímido e mal aparelhado para vencer. Comparado ao dos Castelhanos em suas conquistas, o esforço dos portugueses distingue-se principalmente pela predominância de seu caráter e de caráter de exploração comercial, repetindo assim o exemplo da colonização na Antiguidade, sobretudo na fenícia e da grega; os castelhanos, ao contrário, querem fazer do país ocupado um prolongamento orgânico do seu.

Os grandes centros de povoação que edificaram os espanhóis no Novo Mundo estão situados precisamente nesses lugares onde a altitude permite aos europeus, mesmo na zona tórrida, desfrutar um clima semelhante ao que lhes é habitual em seu país. Ao contrário da colonização portuguesa, que foi antes de tudo litorânea e tropical, a castelhana parece fugir deliberadamente da marinha, preferindo as terras do interior e os planaltos.

Os portugueses, esses criavam todas as dificuldades às entradas terra adentro, receosos de que com isso se despovoasse a marinha.

No regimento do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, estipula-se, expressamente, que pela terra firme adentro não vá tratar pessoa alguma sem licença especial do governador ou do provedor-mor da fazenda real, acrescentando-se ainda que tal licença não se dará, se não a pessoa que possa ir “a bom recado e que de sua ida e tratos de não seguirá prejuízo algum, nem isso mesmo irão de huas capitanias para outras por terra sem licença dos ditos capitães ou provedores posto que seja por terras que estão de paz para evitar alguns inconvenientes que se disso seguem sob pena de ser açoutado sendo pião e sendo de moralidade pagará vinte cruzados a metade para os cativos e a outra metade para quem o acusar.

A influência da colonização litorânea, que praticavam, de preferência, os portugueses, ainda persiste até aos nossos dias. Quando hoje se fala em “interior”, pensa-se, como no século XVI, em região escassamente povoada e apenas atingida pela cultura urbana.

No planalto de Piratininga nasce em verdade um momento novo de nossa história nacional. Ali, pela primeira vez, a inércia difusa da população colonial adquire forma própria e encontra voz articulada. A expansão dos pioneirospaulistas não tinha suas raízes do outro lado do oceano, podia dispensar o estímulo da metrópole e fazia-se frequentemente contra a vontade e contra os interesses imediatos desta.

No terceiro século do domínio português é que temos um afluxo maior de imigrantes para além da faixa litorânea, com o descobrimento do ouro das Gerais, ouro que, no dizer de um cronista do tempo, “passa em pó e em moeda para os reinos estranhos; e a menor parte e a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o que se gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se vem hoje carregadas as mulatas de máo viver, muito mais que as senhoras”.

Em 1720 pretendeu-semesmo fazer uso de um derradeiro recurso, o da proibição das passagens para o Brasil. Só as pessoas investidas de cargo público poderiam embarcar com destino à colônia. Dentre os eclesiásticos podiam vir bispos e missionários, bem como os religiosos que já tivessem professado no Brasil e precisassem regressar a seus conventos.

A partir de 1771, os moradores do distrito ficaram sujeitos a mais estrita fiscalização. Quem não pudesse exibir provas de identidade e idoneidade julgadas satisfatórias deveria abandonar imediatamente a região. Se regressasse ficava sujeito à multa de cinquenta oitavas de ouro e a seis meses de cadeia; em caso de reincidência, a seis anos de segredo em Angola. E ninguém poderia, por sua vez, pretender residir no distrito, sem antes justificar minuciosamente tal pretensão.

No Brasil, a exploração litorânea praticada pelos portugueses encontrou mais uma facilidade no fato de se achar a costa habitada de uma única família de indígenas, que de norte a sul falava um mesmo idioma. É esse idioma, prontamente aprendido, doméstico e adaptado em alguns lugares, pelos jesuítas, às leis da sintaxe clássica, que há de servir para intercurso com os demais povos do país, mesmo os de casta diversa.

O estabelecimento dos tupis-guaranis pelo litoral parecia ter ocorrido em data relativamente recente, quando apontaram às nossas costas os primeiros portugueses.

A opinião de que a conquista da orla litorânea pelas tribos tupis se verificou pouco tempo antes da chegada dos portugueses parece ainda confirmada pela perfeita identidade na cultura de todos os habitantes da costa, pois estes,” ainda que estejam divisos e haja entre eles diversos nomes de nação, todavia, na semelhança, condição, costumes e ritos gentílicos todos são huns”.

É significativo que a colonização portuguesa não se tenha firmado ou prosperado muito fora das regiões antes muito povoadas pelos indígenas da língua-geral.

O litoral do Espírito Santo, o “vilão farto” de Vasco Fernandes Coutinho, assim como a zona sul-baiana, as antigas capitanias de Ilhéus e Porto Seguro, permaneceram quase esquecidos dos portugueses, só porque justamente nessas regiões, logo se abriram grandes claros na dispersão dos tupis, desalojados pelos primeiros habitantes do lugar.

No Espírito Santo, para manterem os raros centros povoados, promoveram os portugueses migrações artificiais de índios da costa que os defendessem contra as razias dos outros gentios. E só no século XIX, graças ao zelo beneditino de Güido Tomás Marlière, foi iniciada a catequese dos que se presume serem os últimos descendentes dos ferozes aimorés das margens do rio Doce, em outros tempos, os flagelos dos colonos.

Mesmo em seus melhores momentos, a obrarealizada no Brasil pelos portugueses teve um caráter um pouco mais acentuado de feitorização do que de colonização. Não convinha que aqui se fizessem grandes obras, ao menos quando não produzissem imediatos benefícios. Nada que acarretasse maiores despesas ou resultasse em prejuízo para a metrópole.

Com tudo isso, a administração portuguesa parece, em alguns pontos, relativamente mais liberal do que as possessões espanholas. Assim é que, ao contrário do que se sucedia nessas, foi admitida aqui a livre entrada de estrangeiros que se dispusessem a vir trabalhar.  Inúmeros foram os espanhóis, italianos, flamengos, ingleses, irlandeses, alemães que para cá vieram, aproveitando-se dessa tolerância. Aos estrangeiros era permitido, além disso, percorrerem as costas brasileiras na qualidade de mercadores, desde que se obrigassem a pagar 10% do valor de suas mercadorias, como imposto de importação, e desde que não traficassem com os indígenas.

O exclusivismo dos castelhanos, em contraste com a relativa liberdade dos portugueses, constitui parte obrigatória, inalienável de seu sistema. Compreende-se que, para a legislação castelhana, deva ter parecido indesejável, como prejudicial à boa disciplina dos súbditos, o trato e convívio de estrangeiros em terras de tão recente conquista e de domínio tão mal assente.

A fantasia com que em nossas cidades, comparadas à da América espanhola, se dispunham muitas vezes as ruas ou habitações é, sem dúvida, um reflexo de tais circunstâncias. Na própria Bahia, o maior centro urbano da colônia, um viajante do princípio do século XVM notava que as casas se achavam dispostas segundo o capricho dos moradores.

A rotina e não a razão abstrata foi o princípio que norteou os portugueses, nesta como em tantas outras expressões de sua atividade colonizadora. Preferiam agir por experiências sucessivas, nem sempre coordenadas umas às outras, a traçar um antemão, para segui-lo até o fim.

A expansão dos portugueses no mundo representou sobretudo obra de prudência, juízo discreto, de entendimento “que experiências fazem repousados”. E parece certo de que assim foi desde o primeiro ato, apesar de todas as galas poéticas em que se tem procurado envolver, por exemplo a conquista de Ceuta.

A funesta influência que sobre o ânimo dos portugueses teriam exercido asconquistas ultramarinas é, como se sabe, tema constante dos poetas e cronista do Quinhentos. E não deve ser inteiramente fortuito o fato de essa coincidindo, em geral, com o processo da ascensão da burguesia mercantil, que se opuseram já com a casa de Avis, mas recrudesceu sensivelmente desde que d. João conseguiu abater a arrogância desses poucos do órgão.

A “nobreza nova” do Quinhentosera-lhes particularmenteadversa. Não só por indígenas de seu estado como por evocarem, talvez uma condição social, dos mercadores citadinos, a que ela

Se achava ligada de algum modo pela origem, não pelo orgulho.

A tradição portuguesa, longe de manifestar-se no puro afã de glórias e na exaltação grandíloqua das virtudes heroicas, parece exprimir-se, ao contrário, no discreto uso das mesmas virtudes.

A visão do mundo que se manifestam, de modo cabal, na literatura, sobretudo na poesia, deixou seu cunho impresso nas mais diversas esferas da atividade dos portugueses, mormente no domínio que em particular nos interessa: o da expansão colonizadora. Cabe observar, aliás, que nenhum estímulo vindo de fora os iniciaria a tentar dominar seriamente o curso dos acontecimentos, a torcer a ordem da natureza.

Portugal, é um país comparativamente sem problemas. Sua unidade política, realizara-a desde o século XM, antes de qualquer outro Estado europeu moderno, e em virtude da colonização das terras meridionais, libertas enfim do sarraceno, fora-lhe possível alcançar apreciável homogeneidade ética.

Mas essa escusa piedosa não impede que, ao menos nas dependências ultramarinas de Portugal, quando não na própria metrópole, o catolicismo tenha acompanhado quase sempre o relaxamento usual. Estreitamente sujeita ao poder civil, a Igreja católica no Brasil em particular seguiu lhe estritamente as vicissitudes e circunstâncias.

O fato de os nossos clérigos se terem distinguidos frequentemente como avessos à disciplina social e mesmo ao respeito pela autoridade legal, o célebre “liberalismo” dos eclesiásticos brasileiros de outrora parece relacionar-se largamente com semelhante situação.

VIDA ESPANHOLA E NO BRASIL

Em todas as principais cidades da América espanhola existiam estabelecimentos gráficos por volta de 1747, ano em que aparece no Rio de Janeiro, para logo depois ser fechada, por ordem real, a oficina de Antônio Isidoro da Fonseca.

Os entraves que ao desenvolvimento da cultura intelectual no Brasil opunha à administração lusitana faziam parte do firme propósito de impedir a circulação de ideias novas que pudessem pôr em risco a estabilidade de seu domínio. E é significativo que, apesar de sua maior liberdade na admissão de estrangeiros capazes de contribuir com seu trabalho para a valorização da colônia, tolerassem muito menos aqueles cujo convívio pudesse excitar entre os moradores do Brasil pensamentos e insubordinações e rebeldia. É bem conhecido, a esse respeito, o caso da ordem expedida já na aurora do século XIX, pelo príncipe-regente, aos governadores das capitanias do Norte, até ao Ceará, para que atalhassem a entrada em terras da Coroa portuguesa de “um tal barão de Humboldt, natural de Berlim”, por parecer suspeita e viagem e “sumamente prejudicial aos interesses políticos” da mesma Coroa.

  • A LÍNGUA-GERAL EM SÃO PAULO

O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no ESTADO de São Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de julho de 1945, em artigos cujo texto se reproduz, a seguir quase na íntegra.

Não faltou, por isso mesmo, quem opusessem reserva a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam no idioma tupi em seu trato civil e doméstico, extremamente como o dos nossos dias se valem do português.

O empenho que mostraram constantemente os paulistas do século XV em que fossem dadas as vigararias da capitania, de preferência os naturais dela, pode ser atribuído ao mesmo nativismo que iria explodir mais tarde na luta das emboabas. Mas outro motivo plausível é apresentado mais de uma vez em favor de semelhante pretensão: o de que os religiosos procedentes de fora, desconhecendo inteiramente a língua da terra, se entendiam mal com os moradores.

É explicita, a propósito, uma exposição, que isso já em 1725, enviaram a el-rei os camaristas de São Paulo. Em 1698, ao solicitar de Sua Majestade que o provimento de párocos para as Igrejas da repartição do Sul recaísse em religiosos conhecedores da língua-geral dos índios, o governador Artur de Sá e Meneses exprimia-se nos seguintes termos: “[..] a maior parte daquela Gente se não explicaem outro idioma, e principalmente o sexo feminino e todos os servos, e desta falta experimenta irreparável perda, como hoje se vê em São Paulo como o novoVigário que veio provido naquela Igreja, o qual há mister quem o interprete”.

Num relatório escrito por volta de 1692 dizia o governador Antônio Pais de Sande das mulheres paulistas que eram “formosas e varonis, e  costume ali deixarem seus maridos à sua disposição o governo das casas e fazendas”.

Homens e mulheres indiscriminadamente, só se entendiam em guarani, e apenas os mais cultos sabiam espanhol.

Na ascendência do grande régulo paraibano o elemento português predomina francamente, embora, para acompanhar a regra, não isento de mestiçagem com o gentio pois se não falhassem os genealogistas, foi tetraneto, por um lado, da filha de Piquerobi e, por outro, da tapuia de Pedro Afonso.

Não deixa, assim, de ser curioso que, tendo de tratar com bispo de Pernambuco no sítio dos Palmares, em 1697, precisasse levar intérprete, “porque nem falar sabe”, diz o bispo.

O único meio racional de se fazer com que cheguem os índios a receber da Luz de Deus e dos mistérios da sagrada religião católica, o que baste para sua salvação eterna, pois observa, “dm vão trabalhar quem os quer fazer anjos antes de os fazer homem”.

Permanece intato, todavia, o problema de saber-se o “tapuia bárbaro”, que nem falar sabia entenda-se: falar português, terá sido efetivamente autor de tão sutis raciocínios.

Seja como for, não cabe repelir de todos algumas das afirmações do bispo de Pernambuco, apesar de sua rancorosa aversão ao bandeirante, que se denúncia da primeira à última linha.

No mesmo século XV, nas alcunhas de pura origem portuguesa é que constituem raridade. Um dos poucos exemplos que se podem dar é a de “Perna de Pau” atribuída Jerônimo Ribeiro, que morreu em 1693.

Trata-se, porém, já agora de casos isolados, que escapam a regra geral e podem ocorrer a qualquer tempo. O que de fato se verifica, à medida que nos distanciamos do século X, é a frequência cada vez maior e mais exclusiva de alcunhas portuguesas como as de “via sacra”, “Ruivo”, “Orador”, “Cabeça do Brasil”, e esta, de sabir ciceroniano: “Pai da Pátria”.

Em que época, aproximadamente, principia a desaparecer, entre moradores do planalto paulista, o uso correto da língua tupi?

Os textos aqui invocados para indicar o predomínio de tal idioma procedem, em sua grande maioria, do século XVII, conforme se viu, e precisamente do último decênio do século XVII.

O significativo testemunho do biógrafo, quase hagiógrafo, do padre Belchior de Pontes. Este, segundo nos afinca Manuel da Fonseca, dominava perfeitamente, o “idioma que aquela gentilidade professava, porque era, naqueles tempos, comum a toda Comarca”.  Tendo-se em consideração que Belchior de Pontes nasceu no ano de 1644, usto quer dizer que a língua do gentio seria usual em toda a capitania pela metade do século XVII. Já não k era em meados do seguinte, pois o padre Manuel da Fonseca se refere ao fato como coisa passada.

Na província de São Paulo, aonde chegou no ano de 1825, o próprio Florence pudera ainda ouvir a língua-geral da boca de alguns velhos. Não seria para admirar se isso se desse durante sua demora de mais de um semestre em Porto Feliz, distrito onde fora numerosa a mão-de-obra indígena e onde, segundo se lê nas Reminiscências do velho Ricardo Gumbleton Daunt, em princípios do século passado “de portas adentro não se falava senão guarani”.

Nos lugares onde escasseavam índios administrados, e era o caso, por exemplo no, de Campinas, o português dominava sem contraste.

Mesmo em Campinas, porém, havia por aquele tempo quem ainda soubesse falar corretamente o tupi.

A utilização em larga escala de tais índios nos misteres caseiros e na lavoura, enquanto não se generalizava a importação de escravos pretos, deve atribuir-se à menor docilidade com que, em algumas zonas rurais, nossos habitantes cederam o prestígio, já então sempre expansivo, da língua portuguesa.

Note-se que essa influência da língua-geral no vocabulário, na prosódia e até nos usos sintáxicos de nossa população rural não deixava de exercer-se ainda quando os indígenas utilizados fossem estranhos à grande famíliatupi-guarani: o caso dos bororos e sobretudo o dos Parecis, que no São Paulo do século XVIII tiveram papel em tudo comparável ao dos carijós na era seiscentistas, a era por excelência das bandeiras. É que, domesticados e catequizados de ordinário na língua-geral da costa, não se entendiam com os senhores em outro idioma.

Ao oposto do que sucedeu, no Nordeste, as terras apropriadas para a lavoura do açúcar ficavam em São Paulo, a apreciável distância do litoral, nos lugares de serra acima, pois a exígua faixa litorânea, procurada a princípio pelo europeu, já estava em parte gasta e imprestável para o cultivo antes de terminado o século XVI.

Por estranho que pareça, a maior mobilidade, o dinamismo, da gente paulista, ocorre, nesse caso, precisamente em função do mesmo ideal de permanência eestabilidade que, em outras terras, pudera realizar-se com pouco esforço desde os primeiros tempos da colonização.

O império lusitano foi descrito pelo historiador R.H. Tawney como “pouco mais do que uma linha de fortalezas e feitorias de 10 mil milhas de comprido”. O que seria absolutamente exato se tratasse apenas do Império português da era quinhentista, era em que, mesmo no Brasil, andavam os colonos arranhando as praias como caranguejos.

No trabalho monumental que escreveu sobre o caráter do descobrimento e conquista da América pelos europeus, George Friederici teve estas palavras acerca da ação das bandeiras. “Os descobridores, exploradores e conquistadores do interior do Brasil não foram os portugueses, mas os brasileiros de puro sangue branco e muito especialmente brasileiros mestiços, mamalucos.E também, unidos a eles, os primitivos indígenas da terra. Todo o basto sertão do Brasil foi descoberto e revelado à Europa, não por europeus, mas por americanos”.

  • Aversão às virtudes econômicas

As qualidades morais que requer naturalmente a vida de negócios distingue-se das virtudes ideais da classe nobre nisto que respondem, em primeiro lugar a necessidade de crédito, não há a de glória e de fama. São virtudes antes de tudo lucrativas, que à honra cavalheiresca e palaciana procuram sobrepor a simples honorabilidadeprofissional, e aos vínculos pessoais e diretos, a crescente racionalização da vida.

Para retirar vantagens seguras em transações com portugueses e castelhanos, muitos comerciantes de outros países que é de a maior conveniência estabelecer vínculo com eles mais imediato do que as relações formais que constituem norma ordinária nos tratos e contratos.

O observador e fino psicólogo que é Alfred Rühl chamou a atenção, entre espanhóis, o fato de julgarem perfeitamente normal a aquisição de certo gênero de vantagens pessoais por intermédio de indivíduos com os quais travaram relações de afeto ou camaradagem, e não compreenderem que uma pessoa, por exercer determinada função pública, deixe de prestar a amigos e parentes favores dependentes de tais funções.

Assim, raramente se tem podido chegar, nas esferas dos negócios, a uma adequada racionalização; o freguês ou cliente há de assumir de preferência a posição do amigo. Não há dúvidas de que, desse comportamento social, em que o sistema de ralações se edifica essencialmente laços diretos, de pessoa a pessoa, procederam os principais obstáculos que na Espanha, e em todos os países hispânicos Portugal e Brasil inclusive, se erigem contra a rígida aplicação das normas de justiça e de quaisquer prescrições legais.

Sobre a “infidelidade” dos comerciantes portugueses revela ainda Se é o caso de certo amador de Saint Maio que, no período de 1720 a 1740, costumava expedir muitos tecidos para Lisboa por conta de seus fregueses, mas só raramente os remetia por contra própria, pois desconfiava da “exatidão” daqueles comerciantes, os quais, por outro lado, pediam sempre créditos excessivos.

Nada indica que nos portugueses ou espanhóis sejam menos pronunciados do que em outros povos o gosto e o prestígio dos bens materiais. Na própria Itália do Renascimento, onde tiveram seu berço, nos tempos modernos, algumas daquelas virtudes burguesas, distinguiam-se, idos da península Ibérica, os catalães “que de laspiedrassacanpanes”, segundo o ditado, como gananciosos e avaros.

Dos fidalgos portugueses que andavam então pelas partes do Oriente sabemos como, apesar de toda a sua prosápia, não desdenhava os bens da fortuna, mesmo nos casos em que, para alcançá-la, precisassem desfazer-se até certo ponto de preconceitos associados à sua classe de condição.

A própria liberdade, virtude capital da antiga nobreza, caíra em descrédito, ao menos na prática, entre alguns destes fidalgos da decadência, se é certo que só então se puseram a comer fechados e em silêncio, para deixarem de repartir com os pobres, e a ter não por honra e grandeza, antes por infâmia, o precisar agasalhá-los e sustentá-los.

Em realidade não é pela maior temperança no gosto das riquezas que se separam os espanhóis ou portugueses de outros povos, entre os quais viriam a florescer essa criação tipicamente burguesa que é a chamada mentalidade capitalista.

NATUREZA E ARTE

No célebre “Sermão da Sexagésima”, pronunciado em 1655 na capela real, em Lisboa, lembra Antônio Vieira que o pregar é em tudo comparável ao semear, “porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte; caya onde cahir”.

Segundo a observação de H. von Stein, ao ouvir a palavra “natureza”, o homem dos séculos XVII e XVM pensa imediatamente no firmamento; odo século XIX pensa em uma paisagem. Pode ser elucidativo, a esse respeito, um confronto que, segundo parece, ainda não foi tentado, com certa passagem de outro discípulo de santo Inácio, Baltazar Gracián, que poderia representar, no caso, uma das fontes de Vieira.

HOMEM CORDIAL

O Estado não é uma ampliação do currículo familiar e, ainda menos uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularista, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. A indistinção fundamental entre as duas formas é o prejuízo romântico que teve os seus adeptos mais entusiastas durante o século XIX.

Em todas as culturas, o processo pelo qual a lei geral suplanta a lei particular faz-se acompanhar-se de crises mais ou menos graves e prolongadas, que podem afetar profundamente a estrutura da sociedade. O estudo dessas crises constitui um dos temas fundamentais da história social. Quem compare, por exemplo, o regime do trabalho das velhas corporações e grêmios de artesãos com a “escravidão dos salários” nas usinas modernas tem um elemento precioso para o julgamento da inquietação social de nossos dias. Foi o moderno sistema industrial que, separando os empregadores e empregados no processo de manufatura e diferenciando cada vez mais suas funções, suprimiu a atmosfera de intimidade que reinava entre uns e outros e estimulou os antagonismos de classe. O novo regime se tornava mais fácil, além disso, ao capitalista, explorar o trabalho de seus empregados, ao troco de salários ínfimos.

Como é fácil que a responsabilidade por acidentes de trabalho, salários inadequados ou condições anti-higiênicas se perca de um extremo ao outro dessa série. A crise que acompanhou a transição do trabalho industrial aqui assinalada pode dar uma ideia pálida das dificuldades que se opõem à abolição da velha ordem familiar por outra, em que as instituições e as relações sociais, fundadas em princípios abstratos, tendem a substituir-se aos laços de afeto e de sangue.

Com efeito, onde quer que prospere e assente em bases muito sólidas a ideia familiar e principalmente onde predomina a família de tipo patriarcal tende a ser precária e a lutar contrafortes restrições a formação e evolução da sociedade segundo conceitos atuais.

Entre nós, mesmo durante o Império, já se tinham tornado manifestar as limitações que os vínculos familiares demasiado estreitos m, e não raro opressivos, podem impor à vida ulterior.

A personalidade social do estudante, moldada em tradições acentuadamente particularistas, tradições que, como se sabe, costumam ser decisivas e imperativas durante os primeiros quatro ou cinco anos de vida da criança, era forcada a se ajustar-se, esses casos, a novas situações e a nova revelações sociais que importavam na necessidade de uma revisão, por vezes radical, dos interesses, atividades, valores, sentimentos, atitudes e crenças adquiridos no convívio familiar.

Aos que, com razão de seu ponto de vista, condenam por motivos parecidos os âmbitos familiares excessivamente estreitos e exigentes, isto é, aos que os condenam por circunscreverem demasiado os horizontes da criança dentro da paisagem doméstica, pode ser respondido que, em rigor, só hoje tais ambientes chegam a construir, muitas vezes, verdadeiras escolas inadaptados até de psicopatas. Em outras épocas, tudo contribuía para a maior harmonia e maior coincidência entre as virtudes que se formam e se exigem no recesso do lar e as que asseguram a prosperidade social e a ordem entre os cidadãos.

No Brasil, onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo da família patriarcal, o desenvolvimento da urbanização que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades, ia acarretar um desequilíbrio socia, cujos efeitos permanecem vivos até hoje.

Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário “patrimonial “do puro burocrata conforme a definição de Max Weber. Para o funcionário “patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático, em que prevalecem a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos.

No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal.

Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade daremos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano suprir que essas virtudes possam significar “boas maneiras”, civilidade.

Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no “homem cordial”: é a forma natural e viva que se converteu em fórmula. Além disso a polidez é, de algum modo, organização de defesa ante a sociedade.

A manifestação normal do respeito em outros povos tem aqui sua réplica, em regra geral, no desejo de estabelecer intimidade. E isso é tanto mais específico, quanto se sabe do apego frequente dos portugueses, tão próximos de nós em tantos aspectos, aos títulos e sinais de reverência.

À mesma ordem de manifestações pertencente certamente a tendência para a omissão do nome de família no tratamento social. Em regra é o nome individual, de batismo, queprevalece. Essa tendência, que entre portugueses resulta de uma tradição com velhas raízes como se sabe, os nomes de família só entram a predominar na Europa cristã e medieval a partir do século XII, acentuou-se estranhamente entre nós

Nosso velho catolicismo, tão característico, que permite tratar os santos com uma intimidade quase desrespeitosa e que deve parecer estranho às almas verdadeiramente religiosas, provém ainda dos mesmos motivos. A popularidade, entre nós, de uma santa Teresa de Lisieux resulta muito do caráter intimista que pode adquirir seu culto, culto amável e quase fraterno, que se acomoda mal às cerimônias e suprime as distâncias.

Essa firma de culto, que tem antecedentes na península Ibérica, também aparece na Europa medieval e justamente com a decadência da religião palaciana, supraindividual, em que a vontade comum se manifesta na edificação dos grandiosos ‘monumentos góticos’.

O que representa semelhante atitude é uma transposição característica para o domínio do religioso desse horror às distâncias que parece construir, ao menos até agora, o traço mais específico do espírito brasileiro.

A uma religiosidade de superfície, menos atenta al sentido íntimo das cerimônias do que ao colorido e à pompa exterior, quase carnal em seu apego ao concreto em sua rancorosa incompreensão de toda a verdadeira espiritualidade; transigente, por isso mesmo que pronta a acordos, ninguém pediria, certamente, que se elevasse a produzir qualquer moral social poderosa.

Um visitante, de meados do século passado, manifesta profundas dúvidas sobre a possibilidade de se implantarem algum dia, no Brasil, formas mais rigorosas de culto. Conta-se que os próprios protestantes logo degeneram aqui, exclama. E acrescenta “É que o clima não favorece a severidade das seitas nórdicas. O austero metodismo ou o puritanismo jamais florescerão nos trópicos”.

  1. NOVOS TEMPOS

Essa aptidão para o social está longe de constituir um fator apreciável da ordem coletiva. Por isso mesmo que relutamos em aceitar um princípio supraindividual de organização e que o próprio culto religioso se torna entre nós excessivamente humano e terreno, toda a nossa conduta ordinária denuncia, com frequência um apego singular aos valores da personalidade configurada pelo recinto doméstico.

Ainda são raros no Brasil, os médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, professores, funcionários que se limitem a ser homens de sua profissão. Revemos constantemente o fato observado por Burmeister no começo de nossas vidas de nação livre: “Ninguém aqui procura seguir o curso natural da carreira iniciada, mas cada qual almeja alcançar aos saltos os altos postos e cargos rendosos: e não raro o conseguem”.

Apenas, no Brasil, se fatores de ordem econômica social comuns a todos os países americanos devem ter contribuído largamente pelo prestígio das profissões liberais, convém não esquecer que o mesmo prestígio já as cercava tradicionalmente na mãe-pátria. Em quase tidas as épocas da história portuguesa uma carta de bacharel valeu quase tanto como uma carta de recomendação nas pretensões a altos cargos públicos.

É possível compreender o bom sucesso do positivismo entre nós e entre outros povos parentes do nosso, como Chile e o México, justamente por esse repouso que permitem ao espírito as definições irresistíveis e imperativas do sistema de Comte. Para seus adeptos, a grandeza, a importância desse sistema prendem-se exatamente à sua capacidade de resistir à fluidez e à mobilidade da vida.

Mas os positivistas foram apenas exemplares mais característicos de uma raça humana que prosperou consideravelmente em nosso país, logo que este começou a ter consciência de si. De todas as formas de evasão da realidade, a crença mágica no poder das ideias pareceu-nos a mais dignificante em nossa difícil adolescência política e social.

NOSSA REVOLUÇÃO

Se a data da abolição marca no Brasil o fim do predomínio agrário, o quadro político instituído no ano seguinte quer responder à conveniência de uma forma adequada à nova composição social. Existe um elo secreto estabelecendo entre esses dois acontecimentos e numerosos outros uma revolução lenta, mas segura e concertada, a única que, rigorosamente, temos experimentado em toda nossa vida nacional. Processa-se, é certo, sem grande alarde de algumas convulsões de superfície, que os historiadores exageram frequentemente em seu zelo, minuciosoe fácil, de compendiar as transformações exteriores da existência dos povos. Perto dessa revolução, a maioria de nossas agitações do período republicano, como as suas similares das nações da América espanhola, parecem simples desvios na trajetória da vida política legal do Estado comparáveis a essas antigas “revoluções palacianas”, tão familiares aos conhecedores da história europeia.

A grande revolução brasileira não é um fato que se registrasse em um instante preciso; é antes um processo demorado e que vem durando pelo menos há três quartos de século. Seus pontos culminantes associam-se como acidentes diversos de um mesmo sistema orográfico. Se em capítulo anterior se tentou fixar a data 1888 como o momento talvez mais decisivo de todo nosso desenvolvimento nacional, é que a partir dessa data tinha cessado de funcionar alguns dos freios tradicionais contra o advento de novo estado de coisas, que só então se faz inevitável. Apenas nesse sentido é que a Abolição representa, em realidade, o marco mais visível entre duas épocas.

É interessante notar que o desaparecimento progressivo dessas formas tradicionais coincidiu, de modo geral, com a diminuição da importância da lavoura de açúcar, durante a primeira metade do século passado, e sua substituição pela do café.

É particularmente no Oeste de São Paulo, o Oeste de 1840, não de 1940 que os cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico de lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar.

Por outro lado, a perspectiva dos inauditos cabedais que proporcionava, já nos seus primeiros tempos, a lavoura cafeeira constituía por si só uma razão decisiva para que os fazendeiros tivessem em mira ampliar continuamente as plantações, desprezando tudo quanto distraísse a mão-de-obra do principal objeto de seus cuidados. Em São Paulo, e já em 1858, o fato suscitara comentários de José Manuel da Fonseca no Senado do Império: “A conversão das fazendas de açúcar em fazendas de café tem concorrido também ali em São Paulo para o encarecimento dos gêneros alimentícios”.

É compreensível que a Abolição não tivessem afetado desastrosamente as regiões onde a cultura do café já prepara assim o terreno para a aceitação de um regime de trabalho remunerado. Aqui a evolução para o predomínio urbano faz-se rápida e com ema foi aberto o caminho para uma transformação de grandes proporções. Nos estados do Norte, onde a baixa dos preços do açúcar no mercado mundial já tinha acarretado uma situação que os 13 de maio.

Veio apenas referendar, nada compensaria a catástrofe agrária. Aos barões do açúcar não restava, com a desagregação dos seus domínios, senão conformarem-se às novas condições de vida.

Os velhos proprietários rurais impotentes pelo golpe fatal da Abolição e por outros fatores não tinham como intervir nas novas instituições.

À força de alheação da realidade a política chegou ao cúmulo do absurdo, constituindo em meio a nossa nacionalidade nova, onde todos os elementos se propunham a impulsionar e fomentar um surto social robusto e progressivo, uma classe artificial verdadeira superfetação, ingênua e francamente estranha a todos os interesses, onde, quase sempre com a maior boa-fé, o brilho das fórmulas e o calor das imagens não passam de pretextos para as lutas de conquista e a conservação das posições.

É claro que a necessidade de boa ordem entre os cidadãos e a estabilidade do conjunto social tornaram necessária a criação de preceitos obrigatórios e de sanções eficazes. Em tempos talvez mais ditosos do que o nosso, a obediência àqueles preceitos em nada se parece com o cumprimento de um dever imposto. Tudo se faz, por assim dizer, livremente e sem esforço.

Foi a crença, inspirada em parte pelos ideais da Revolução Francesa, que presidiu toda a história das nações ibero-americanas desde que se fizeram independentes. Emancipando-se da tutela das metrópoles europeias, cuidaram elas em adotar, como base de suas cartas políticas, os princípios que se achavam então na ordem do dia.

Colocado no polo aposto à despersonalização democrática, o “caudilhismo” muitas vezes se encontram no mesmo círculo de ideias a que pertencem os princípios do liberalismo. Pode ser a forma negativa, da tese liberal, e seu surto é compreensível se nos lembrarmos de que a história jamais nos deu o exemplo de um movimento social que não contivessem os germes de sua negação, negação essa que se faz, necessariamente, dentro do mesmo âmbito.

A forma visível dessa Revolução não será, talvez, a das convulsões catastróficas, que procuram transformar de um mortal golpe, e segundo preceitos de antemão formulados, os valores longamente estabelecidos.

“De uma revolução”, dizia, “é talvez o que precisa a América do Sul. Não de uma revolução horizontal, simples remoinho de contendas políticas, que servem para atropelar algumas centenas ou milhares de pessoas menos afortunadas. O mundo está farto de tais movimentos. O ideal seria uma boa e honesta revolução, uma revolução vertical e que trouxesse à tona elementos mais vigorosos, destruindo para sempre os velhos e incapazes”.

Uma reação dessa ordem encontraria apoio firme em certa mentalidade criada pelas condições especiais de nosso desenvolvimento histórico, e que o próprio espírito legístico dos nossos políticos só Segundo Reinado e da Primeira República não conseguiu modificar: quando muito manteve-se à margem dos fatos, exacerbando mesmo, pelo contraste, as forças que queriam neutralizar. Tal mentalidade, dentro ou fora do sistema liberal, exige que, por trás do edifício do Estado, existem pessoas de carne e osso.

A verdade é que, como nossa aparente adesão a todos se formalismo denuncia apenas uma ausência de forma espontânea, assim também a nossa confiança na excelência das fórmulas teórica mostra simplesmente que somos um povo pouco especulativo. Podemos organizar campanhas, formar facções, armar motins, se preciso for, em torno de uma ideia nobre. Ninguém ignora, porém, que o aparente triunfo de um princípio jamais significou no Brasil Como no resto da América Latina.

É frequente imaginarmos prezar os princípios democráticos e liberais quando, em realidade, lutamos por um personalismo ou contra outro. O inextricável mecanismo político e eleitoral ocupa-se continuamente em velar-nos esse fato. Mas quando as leis acolhedoras do personalismo são resguardadas por uma tradição respeitável ou não foram postas em dúvida, ele aparece livre de disfarces.

Se, todavia, não nos detivermos na configuração exterior da vida nacional, mas penetrarmos ainda e sobretudo as formas subjacentes, só nos cumprirá confessar que se limita a essa coincidência o que há de comum entre as atitudes que tentamos aproximar.

É frequente, aliás, o fato de que aqueles que em política tratam de fazer obra puramente realista ou apenas oportunista pretenderem agir, ao mesmo tempo, segundo critérios morais: alguns ficariam sinceramente escandalizados se lhes dissessem que uma ação moralmente recomendável pode ser praticamente ineficaz ou nociva.

Essa atitude não é muito diversa da que, por outras razões, adotaram os “caudilhos esclarecidos” da Europa Moderna. Não é impossível, pois, que o fascismo do tipo italiano, a despeito da sua apologia da violência, chegue a alcançar sucesso entre nós.

Não seria difícil prever o que poderia ser o quadro de um Brasil fascista. Desde já podemos sentir que não existe quase mais nada de agressivo no incipiente mussolinismo indígena. Na doutrinação dos nossos “integralistas”, com pouca corrupção a mesma que aparece nos manuais italianos, faz falta aquela truculência desabrida e exasperada, quase apocalíptica, que tanto colorido emprestou aos seus modelos da Itália e da Alemanha.

No caso do fascismo, a variedade brasileira ainda trouxe a agravante de poder passar por uma teoria meramente conservadora, empenhada no fortalecimento das instituições sociais, morais e religiosas de prestígio indiscutível, e tendendo, assim, a tornar-se praticamente inofensiva aos poderosos, quando não apenas seu instrumento.

POSFÁCIO

A singularidade de Raízes do Brasil no conjunto de obra de Sérgio Buarque consiste para mim em que o livro conduziu a uma ruptura que desembocará nos grandes ensaios da maturidade do autor, como Caminhos e fronteiras, Visão do paraíso e do Império à República. Graças a essa ruptura, que se pode datar do período 1936-1945 e que se conclui com o aparecimento de Monções, Sérgio Buarque abandonou o projeto de interpretação sociológica do passado brasileiro em favor de uma análise de cunho eminentemente histórico, em que soube, ademais, evitar os escolhos do monografismo universitário ou meramente erudito, que é muitas vezes seu incontornável preço.

Resumo de Daniele Soares Bueno, estudante do 2 ano do Ensino Médio com Habilitação em Técnico em Administração, no ano de 2022, na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar.

Slides em azul: https://pt.slideshare.net/LeonaraMargottoTartaglia/raizes-do-brasil-46866312

Slides em marrom: Desenvolvido pelos estudantes Andressa Santos Silva, Daniele Soares Bueno, Guilherme da Silva dos Santos, Marco Antonio Miranda dos Santos e Rafael Tadao Mendes Serikawa. Todos estudantes do 2 ano do Ensino Médio com Habilitação em Técnico em Administração, no ano de 2022, na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar.

ALÁLIA

https://www.corsematin.com/articles/aleria-alalia-lhistoire-dun-oppidum-corse-au-coeur-de-la-mediterranee-84712
https://www.corsematin.com/articles/aleria-alalia-lhistoire-dun-oppidum-corse-au-coeur-de-la-mediterranee-84712

RESUMO – Quando os fócios se estabeleceram em Alália em 565 a.C., esse território já era explorado por uma população proto-histórica.  A presença do homem é atestada desde o milênio anterior ao nosso tempo, graças ao descobrimento da cerâmica cardial, que é um estilo decorativo típico deste período difundido em todo o Mediterrâneo. É particular que eles acolheram novas populações, pequenas. A oportunidade de assim descobrir novos conhecimentos. A vida cotidiana costuma ser negada por um código de práticas religiosas do chamado Etruscas.  Os etruscos, sendo recomendados, sabiam ler os augúrios, isto é, interpretar a vontade dos Deuses a partir da observação dos emaranhados de animais. Na Antiguidade, a higiene corporal constitui um verdadeiro princípio da educação, a beleza e as qualidades físicas são complementares às virtudes morais.  Assim, os banhos divulgados como prática de atividades físicas fazem parte do cotidiano dos moradores de AlÁlia .  Sendo assim, não é surpreendente encontrar muitos vasos decorados representando atletas. Além do esporte, os homens antigos encontraram seu entretenimento na dança e na música. As mulheres, assim como as mulheres de hoje, gostavam particularmente de acessórios de roupas, bolsas, sandálias e outros lenços. A Alalia comercializa com os povos da Península Ibérica. O comércio de ouro, cobre e ferro pelas mercadorias que os celtas e outros povos da Península Ibérica produzem. Alalia também negocia com seus vizinhos fenícios as mercadorias que os fenícios gostam de produzir. A bacia ocidental mediterrânea tornou-se um vasto centro de intercâmbios comerciais entre as diferentes cidades da África, Sicília, da Espanha, Itália, Córsega e Sardenha.  Eles trocam vinho, trigo e outros produtos artesanais. No entanto, são os cartagineses e etruscos que dominam e controlam essas trufas marítimas.  Muito rapidamente, a pequena cidade de AlÁlia fundada pelos fócios (da região Fócida da Grécia), em 565 a.C. torna-se uma importante base comercial e começa a se preocupar com esta batalha de AlÁlia, cujo história é dado por Heródoto, também é chamado – batalha no mar da Sardenha, Ocorre na costa do Tirreno entre 540 e 535 a. C. Os habitantes de AlÁlia, fortemente imbuídos de misticismo, davam valor real as intuições mágicas de acordo com os antecedentes da época. As representações mitológicas são de grande importância. Embora os temas representados nas cerâmicas sejam na maioria das vezes de inspiração grega, as expressões das figuras e as cores das pinturas são muito diferentes. Os deuses e os heróis desempenham o papel de intercessores, de mensageiros que permitem o acesso à salvação eterna. Os etruscos acreditavam que existia vida após a morte e tinham certo medo, devido a isso, geralmente quando alguém morria eles tinham um enorme cuidado com os túmulos por conta de sua crença em uma vida eterna. Eles acreditavam que o funeral próspero levaria a prosperidade no além. Segundo os arqueólogos os túmulos eram magníficos, ricas oferendas e decorados com afrescos de parede. Os túmulos eram construídos de tijolos, telhas e pedras de alvenaria, servindo para o culto; já foram encontrados os restos de piras cerimoniais, restos de oferendas e até unhas profiláticas, destinado a fixar o espírito dos mortos em sua morada eterna. Na verdade, esses pregos simbolizavam elementos estruturais de enquadramento, fazendo do túmulo a casa de notícias dos falecidos.

Vídeo elaborado pelo grupo:

Introdução          

AlÁlia foi uma das colônias focéias fundadas quando os habitantes da Focéia deixaram sua terra de origem em função de sua guerra com os persas. Sua data de fundação foi estabelecida em cerca de 560 a.C. O território ocupava uma área de 200 km quadrados por volta da metade do século VI a.C. e era provavelmente dividido em lotes. Em 540, após uma batalha naval com os cartagineses a cidade foi quase totalmente abandonada e deixou de ser uma pólis tornando-se uma cidade etrusca.     

Nome atual: Aléria

Idioma original: Ἀλαλίη

Região: França (Córsega)

Formas de ocupação da ásty > Muros e posicionamento das portas

Restos de uma muralha conhecida como Rampa Sul foram identificados na parte sul da cidade antiga de Aléria. O impressionante sistema de fortificação era composto por uma muralha de face única, constituída por imensas rochas irregulares que se extendia por mais de 20 metros. A datação foi estabelecida com base na estratigrafia de achados cerâmicos do leste grego e de figuras negras áticas.                                            

Na Antiguidade, a higiene corporal constitui um verdadeiro princípio da educação, a beleza e as qualidades físicas são complementares às virtudes morais.  Assim, os banhos divulgados como prática de atividades físicas fazem parte do cotidiano dos moradores de Alalia.  Sendo assim, não é surpreendente encontrar muitos vasos decorados representando atletas.

As mulheres, assim como as mulheres de hoje, gostavam particularmente de acessórios de roupas, bolsas, sandálias e outros lenços.

A Alalia comercializa com os povos da Península Ibérica. O comércio de ouro, cobre e ferro pelas mercadorias que os celtas e outros povos da Península Ibérica produzem. Alalia também negocia com seus vizinhos fenícios as mercadorias que os fenícios gostam de produzir.

No entanto, são os cartagineses e etruscos que dominam e controlam essas trufas marítimas.  Muito rapidamente, a pequena cidade de Alalia fundada pelos focios em 565 a.C. torna-se uma importante base comercial e começa a se preocupar com esta batalha de Alalia, cujo história é dado por Heródoto, também é chamado – batalha no mar da Sardenha, Ocorre na costa do Tirreno entre 540 e 535 a. C.

Os habitantes de Alalia, fortemente imbuídos de misticismo, davam valor real as intuições mágicas de acordo com os antecedentes da época.  Com a chegada dos romanos, a concepção de morte e as crenças religiosas avaliam, mesmo que as superstições e os ritos mágicos persistam.

Os etruscos acreditavam que existia vida após a morte e tinham um certo medo, devido a isso, geralmente quando alguém morria eles tinham um enorme cuidado com os túmulos por conta de sua crença em uma vida eterna. Eles acreditavam que o funeral próspero levaria a prosperidade no além. Segundo os arqueólogos os túmulos eram magníficos, ricas oferendas e decorados com afrescos de parede.

Não conseguimos encontrar informações sobre: A questão de escravos, como era a vida das crianças e jovens e sobre a política.

Pré-história de Alália                                                                                                                  

Quando os fócios se estabeleceram em Alália em 565 a. C., esse território já era amplamente explorado por uma população proto-histórica.  A presença do homem é ali atestada desde o milênio anterior ao nosso tempo, graças ao descobrimento da cerâmica cardial, estilo decorativo típico deste período difundido em todo o Mediterrâneo. Sabiam como aproveitar os recursos naturais do seu ambiente. Os lex étungs foram particularmente explodidos, como demonstrado por imensos aglomerados de conchas feitas de vieiras de ostra, mexilhões, vieiras. Primeiras regiões do Tirreno afetadas por esta região, em torno de 3.000 a 2.500 a. C. O cobre parece provir de um alojamento muito próximo de Linguizetta, também explorado durante o século XIX. Deste modo, desde a era pré-histórica, os ocupantes de Alália sabem gerir o seu território e inúmeros vestígios arqueológicos, como joalharia, armas ou mesmo as cerâmicas decoradas que mostram que eles mantêm intercâmbios com a península italiana e o abismo oriental do Mediterrâneo depois de cruzar o destruído Messina (comuna italiana da região da Sicília) . É particular que eles acolheram novas populações, pequenas. A oportunidade de assim descobrir novos conhecimentos .

Como era a vida ?

Uma região privilegiada para o povoamento humano compreender a história de Alalia significa antes de mais nada ter consciência da especificidade geográfica do seu território que está, sem dúvida, na origem das sucessivas ondas de colonizações pré e proto-históricas gregas, etruscas, cartaginesas etc.

A vida cotidiana costuma ser negada por um código de práticas religiosas através de interpretação dos presságios através do exame das entranhas dos animais sacrificados, semelhantes às efectuadas na Babilónia e do voo das aves, faz parte da arte divinatória dos Orientais que passou para os Etruscos, que, por seu turno a ensinaram aos Romanos. A introdução do rito da inumação, em face ao rito da incineração, característica dos povos existentes quando da sua chegada. Os etruscos, sendo recomendados, sabiam ler os augúrios, isto é, interpretar a vontade dos Deuses a partir da observação dos emaranhados de animais.

 Higiene e esporte

Na Antiguidade, a higiene corporal constitui um verdadeiro princípio da educação, a beleza e as qualidades físicas são complementares às virtudes morais.  Assim, os banhos divulgados como prática de atividades físicas fazem parte do cotidiano dos moradores de Alália. Portanto, não é surpreendente encontrar muitos vasos decorados representando atletas. Em um deles, um jovem cobre o corpo com óleo: em outro, o atleta lança um dardo ou ainda pratica o salto em distância segurando um peso nos braços, incentivado por uma bochecha de flauta.

Kylix ático em figura vermelha

Distrações

Além do esporte, os homens antigos encontraram seu entretenimento na dança e na música.  Os instrumentos que o ano encontra representados nos vasos da Alália  são a flauta dupla, a lira, o “barbyton” (longa leitura), as cascavéis e castanholas.  Os jogos de azar, como os jogos de dados, foram particularmente apreciados, podendo-se facilmente imaginar com esta aventura a prática de apostas e apostas diversas.  Também é razoável imaginar a organização de eventos culturais, como leituras públicas ou representações teatrais.

Tocadora do instrumento musical aulos.

Aulos é um antigo instrumento de palheta também chamado de flauta, embora esteja mais próximo do clarinete ou da madeira alta.  Na maioria das vezes, era tocado em pares (flauta dupla).  O tubo pode ser de cana, madeira, osso ou marfim e foi inicialmente perfurado com três orifícios.  Sua invenção é atribuída à deusa Atena.

Vida doméstica

Graças à atualização de muitos objetos do cotidiano, entramos de certa forma na intimidade das pessoas da época.  Lâmpadas de azeite de terracota eram usadas para iluminar as casas, uma garrafa já atesta práticas de viveiro e a presença de pesos de teares evoca a prática da tecelagem.  Em um vaso, uma jovem vestida com uma túnica pregueada presa no ombro por uma fíbula, está fazendo seus lances de costura com uma cesta a seus pés.  Este tipo de figuração permite-nos descobrir, ainda que de forma indireta, os cânones da moda da época.  Tanto mais que o declínio deste tipo de elemento é realmente possível no quadro estrito da arqueologia, porque os tecidos são de composição frágil, destruindo-se inevitavelmente com o tempo. Eles geralmente eram enterrados junto de alguns pertences semelhante ao que os etruscos faziam.

As mulheres da época

As mulheres de então, assim como as mulheres de hoje, gostavam particularmente de acessórios de roupas, bolsas, sandálias e outros lenços etc.

Os escritores gregos e romanos cantaram a beleza das mulheres etruscas e as pinturas tumulares confirmam o que foi dito por eles. Estas damas passavam, sem dúvida, muito do seu tempo a tratar da sua aparência externa. Eram–lhes concedidas funções políticas, encontrando-se agrupadas numa confederação.

Economia

A Alalia comercializa com os povos da Península Ibérica. O comércio de ouro, cobre e ferro pelas mercadorias que os celtas e outros povos da Península Ibérica (os euscaranos) produzem. Alalia também negocia com seus vizinhos fenícios as mercadorias que os fenícios gostam de produzir.

Atividade mais importante? – Comércio e navegações.     

 A Batalha de Alalia: -540 a -535 Durante o século av. ano 1.-C., o bacia ocidental mediterrâneo, tornou-se um vasto centro de intercâmbios comerciais entre as diferentes cidades da África, Sicília, da Espanha, Itália, Córsega e Sardenha.  Eles

trocavam vinho, trigo e outros produtos artesanais.  No entanto, são os cartagineses e etruscos que dominavam e controlavam essas rotas marítimas.  Muito rapidamente, a pequena cidade de Alalia fundada pelos fócios em -565 a. C., torna-se uma importante base comercial e começa a se preocupar com esta batalha de Alalia, cujo historia é dado por Heródoto, também é chamado – batalha no mar da Sardenha, ocorre na costa do Tirreno entre 540 e 535 a. C.

As diversidade de origens, mas também a fabulosidade e a elevada qualidade da maioria dos objetos, sugere a riqueza da cidade e dos seus habitantes, a mentalidade e as preocupações materiais e religiosas destes homens vivos e dos que aí se estabeleceram na Córsega.

https://www.trilhas.iar.unicamp.br/tumbaetrusca/site/organizacao_social1.html

https://pt.dreamstime.com/moinho-romano-usado-pelos-alde%C3%B5es-para-moer-gr%C3%A3os-em-zonas-rurais-image200202095

Moinho de grãos datado da época romana, século I dC.

Cratera do Período Clássico-Helenístico.

Uma cratera era um vaso usado para misturar vinho e água. Num simpósio grego, as crateras eram postas no centro da sala. Como eram grandes, não eram fáceis de carregar. Assim sendo, a mistura de vinho e água era retirada da cratera com outros vasos kilix menores.

Religiosidade

Crenças

O povo de Alália acreditavam em: Zeus, Hera, Tyche, Poseidon, Dionísio, Estoicismo e Peripateticismo (Filosofia de Aristóteles. O nome da escola filosófica de Aristóteles provém do fato de ele ministrar suas lições passeando nos jardins de Liceu, arrabalde na antiga Atenas, onde dava aulas a seus discípulos.)

Os habitantes de Alália, fortemente imbuídos de misticismo, davam valor real as intuições mágicas de acordo com a época.  As representações mitológicas são de grande importância. Embora os temas representados nas cerâmicas sejam na maioria das vezes de inspiração grega, as expressões das figuras e as cores das pinturas são muito diferentes.  As técnicas e formas mudam e revelam outras origens.  Os deuses e os heróis desempenham o papel de intercessores, de mensageiros que permitem o acesso à salvação eterna. Hércules é frequentemente representado como um vigilante ou um salvador, por exemplo, quando ele luta contra o centauro ou quando traz as maçãs de ouro do jardim dos Hespérides.

Skyphos de origem grega datada do século V a.C. Decoração BC em figuras pretas representando Hércules lutando contra o touro de Creta.

Taça do sótão datada do século V AC. DC Representa Hércules sufocando o leão de Neméia.


Com os etruscos, a iconografia dos vasos torna-se mais estilizada, até esquemática, e cada elemento assume um valor simbólico, principalmente no que diz respeito aos animais.  O jarro do golfinho data de 320-280 a. C. é a ilustração perfeita disso.  O golfinho está aí para simbolizar o transitório entre o mundo dos vivos e o das profundezas. A mesma interpretação vale para a cratera onde o rei dos pigmeus enfrenta grous.  Na antiguidade, os pigmeus eram considerados fronteiras da humanidade, enquanto os guindastes eram considerados estranhos viscos.

Questões funerárias

Os etruscos acreditavam que existia vida após a morte e tinham certo medo, devido a isso, geralmente quando alguém morria eles tinham grande cuidado com os túmulos por conta de sua crença em uma vida eterna. Eles acreditavam que o funeral próspero   levaria a prosperidade no além. Segundo os arqueólogos os túmulos eram magníficos, ricas oferendas de decorados com afrescos de parede .

Os túmulos, eram construídos de tijolos, telhas e pedras de alvenaria. Servindo para o culto; encontramos os restos de piras cerimoniais, restos de oferendas e até unhas profiláticas. Deve ser lido com valor de protetor, destinado a fixar o espírito dos mortos em sua morada eterna. Na verdade, esses pregos simbolizavam de elementos estruturais de enquadramento, fazendo do túmulo a casa de notícias dos falecidos. Além disso, observa-se que os romanos tomaram pouco relato de túmulos mais antigos, anteriores ao seu presente.  Vários foram reiterados ou reutilizados por outro lado.  Prática finalmente, a partir do início do século d.C., vários símbolos atestam a presença do cristianismo em Alália, como o peixe, a âncora cruciforme ou o crisma de Constantino marcado em lâmpadas de óleo.

http://historianovest.blogspot.com/2011/03/etruscos-arte-e-ritos-funerarios.html

Imagem retirada do site da socientifica.com.br

Guerras

Guerra de Alália

Os fócios que se estabeleceram na nova terra começaram a expandir rapidamente o comércio na área do Tirreno e mais geralmente no Mediterrâneo ocidental, perturbando o equilíbrio pré-existente que os etruscos e cartagineses haviam estabelecido naquela área. Seu sucesso também foi favorecido pelo uso, como navios de carga, do pentecontere, navios de guerra rápidos que combinavam o impulso da vela com o de cinquenta remadores, em vez dos navios de carga mais lentos condicionados pela direção dos ventos. A maior capacidade ofensiva dessas embarcações também se prestou a frequentes atos de pirataria.

Retirado do blog talkingreek


As duas potências impulsionadas pela nova ameaça se uniram dando origem à épica batalha naval (cerca de 540 a.C) nas águas ao largo das costas do norte da Córsega e do sul da Sardenha.

Mas vendo que eles roubaram e saquearam todas as populações vizinhas, os tirrenos e cartagineses de comum acordo moveram-se contra eles, ambos com uma frota de sessenta navios. Os fócios também equiparam barcos, sessenta em número, e enfrentaram a frota inimiga nas águas do mar chamado Sardenha. Eles se enfrentaram em uma batalha naval e os fócios obtiveram uma vitória “cadmean”; na verdade, de seus navios, quarenta foram afundados os vinte restantes ficaram inutilizáveis, tendo os rostros (esporão colocado na proa dos navios antigos, para perfurar o casco dos outros, nas batalhas) torcidos para trás. Depois navegaram até Alália, embarcaram as mulheres, crianças e tudo o que os navios podiam transportar … rumo a Reggio (Itália)

Os cartagineses e os tirrenos dividiram os homens dos navios naufragados: os habitantes de Agila (é assim que os pelagianos chamavam os etruscos Caere, hoje Cerveteri ed), que tinha o maior grupo, os levou para fora da cidade e os apedrejou.                   

Mais tarde, em Agilla, todos os seres que passavam pelo local onde jaziam os apedrejados Phoceans ficaram deformados, aleijados ou paralisados, fossem eles ovelhas, bestas de carga ou homens, sem distinção. Então os Agillei, ansiosos por remediar sua culpa, voltaram-se para o oráculo de Delfos. E a Pítia impôs-lhes uma obrigação de facto, oferecem sacrifícios impressionantes e proíbem os jogos de ginástica e equitação em honra dos mortos. E aqui está o que aconteceu com esses fócios; em vez disso, fugiram para Reggio, mudando-se para lá e tomaram posse de uma cidade na terra de Enotria, uma cidade agora chamada Iela (talvez Elea, o latim Velia ed).

A batalha naval que se travou nas águas de Alália foi consequência do conflito entra focenses e Etruscos e os Cartagineses. Mas foi uma vitória que Heródoto qualifica de fatal, pois os focenses de Alália perderam quarenta navios, ficando danificados os vinte restantes. A data da batalha não se pode precisar com exatidão, mas deve situar-se entre 540 e 535 a- C.

Imagem de Historyteller

Bibliografia da pesquisa e imagens:

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.gtp.gr/LocInfo.asp%3FIncludeWide%3D1%26InfoId%3D49%26Code%3DEFRZCO20AXJAXJ00090%26PrimeCode%3DEFRZCO20AXJAXJ00090%26Level%3D10%26PrimeLevel%3D10%26LocId%3D64390%26Entity%3D787&ved=2ahUKEwil85SV0JfyAhVPDrkGHc9jBeQQFnoECBUQAg&usg=AOvVaw2q-UxIF0mI0Aiy62vfY1-y

https://phaeselis.fandom.com/wiki/Alalia

http://coisasdehistria.blogspot.com/2011/09/batalha-de-alalia-e-as-suas.html

https://www.dicio.com.br/rostro/

https://images.app.goo.gl/7vtu56bqEEVzsUf66

http://klepsidra.blogspot.com/2006/07/os-etruscos-segundo-herdoto-os.html

http://www.educorsica.fr/index.php/photos/alalia-aleria/alalia-28-258

Formas de Humanidade – Mediterrâneo: Grécia e Roma. Guia temático para professores. MAE-USP. s/data, p. 22 e 23.

ADRIELLY KEMILY OLIVEIRA DA SILVA – E-mail: adrielly.silva48@etec.sp.gov.br

BEATRIZ MONTEIRO DOS SANTOS –  E-mail: beatriz.santos947@etec.sp.gov.br

 LIVIA DRIELI SALES  BRAGA  -.  E-mail: livia.braga3@etc.sp.gov.br

MARIA FERNANDA LA TORRE -. E-mail: marifernandalatorre@gmail.com

Todas estudantes do 1º ano do Ensino Médio com Habilitação Técnica em Administração no ano de 2021.

POVOS INDÍGENAS

Imagem Pinterest/800514902534844768/

No ano de 2021 em função da pandemia de Covid-19 no ensino on line o 2º ano do Ensino Médio Regular fez uma pesquisa sobre os “Povos Indígenas: Ontem X Hoje”: https://hemetec.wordpress.com/2022/11/06/povos-nativos-da-america-otem-x-hoje-2%e2%81%b0-ano-ensino-medio-regular-2021/, e no dia 19/04/2021 houve no programa Roda Viva uma entrevista do líder indigenista Ailton Krenak, a turma foi orientada a assistir a entrevista e comparar com a pesquisa desenvolvida por seu grupo. Vamos publicar algumas redações.

Redação História

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa641357/ailton-krenak

   Na pesquisa sobre os povos nativos, ontem e hoje, foi citado que a partir do primeiro contato entre os povos nativos e os colonizadores portugueses ocorrem atos violentos contra os nativos. Suas terras foram tomadas a força, boa parte da sua população dizimada e os que sobreviveram explorados, tudo isso resultou em um povo negligenciado que está lutando para recuperar seus direitos.

   Um grande representante dessa luta é Ailton Krenak que com coragem e inteligência critica o capitalismo e o governo.

   Durante entrevista à Rede Vida, Ailton Krenak expõem a importância e principalmente a necessidade dessa luta.

   A entrevista de Ailton e a pesquisa sobre os povos nativos apresentam uma semelhança, a questão da violência que iniciou na época das colonizações e perduram até hoje. Para exemplificar essa violência podemos citar a exploração da madeira e a mineração, uma das maiores ameaças a esses povos, responsáveis por invadir suas terras ou até mesmo resultar na morte de alguns indígenas.

   É por essa e outras razões que vozes como a de Ailton são extremamente importantes para os povos nativos e um exemplo para os demais que ainda precisa lutar por direitos.

   Todas essas lutas e as conquistas que elas geram são passos que nos aproximam cada vez mais de uma sociedade mais justa o que evidencia que essa luta deve ser levada a sério, deve receber mais atenção e deve ser apoiada.

Gabriel Guilherme Messias     2º EM Regular, em 2021.

AILTON KRENAK

Ailton Krenak (Minas Gerais, 29 de setembro de 1953), é um líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.

https://catracalivre.com.br/cidadania/jornalista-e-vitima-de-ataques-apos-denuncia-sobre-bolsonaro/

Na entrevista feita pelo programa Roda Viva no dia 19/04/21, a jornalista Vera Magalhães recebe o ambientalista e escritor Ailton Krenak, na qual debatem sobre diversos assuntos diferentes mas com um mesmo objetivo, que é mostrar a exclusão dos indígenas na nossa sociedade. Além de tudo, a entrevista também abordou o assunto sobre a interação dos Indígenas com a Vale do Rio Doce – Vale é uma mineradora multinacional brasileira e uma das maiores operadoras de logística do país. Ailton diz, de maneira indiretamente, que discorda com tal ações da Vale, Ailton acredita que nós seres humanos devemos “deixar adormecido os minérios e adormecem na terra”, pelo risco de trazer novas doenças para o mundo afora, citando até mesmo o Covid-19.

Ailton é indagado pelo Leão Serva, sobre ‘o fim da natureza’, na qual Serva da o exemplo que em Boa Vista – Capital de Roraima – está com escassez de peixes, e os peixes que estão lá estão contaminados de mercúrio , por consequência do garimpo, então serva pergunta ao Ailton se ele acha que os ‘Brancos’ não tem medo do fim do mundo, Ailton argumenta falando que as pessoas geralmente não costumam pensar sobre o futuro, e sim sobre coisas que vão acontecer recentemente, visando sempre o lucro para si próprio.

Ailton nessa entrevista, aborda sobre o assunto do homem sempre tentar buscar o novo e deixar de lado o que é mais importante, dando exemplo do Brasil lançar um satélite enquanto estamos no meio de uma pandemia, ele fala que os homens destroem o próprio mundo e logo em seguida procura por outro mundo para acabar novamente.

Podemos ver na entrevista, algumas ideias de Ailton Krenak, e também sobre como a opnião dele sobre como os indígenas são vistos no Brasil e no mundo, além de sua concepção sobre o Homem ir a Marte. Vemos também que Ailton concorda com a Globalização, mas a partir do momento que a Globalização começa a intervir a natureza, isso começa a ser algo preocupante, algo que devemos repensar se vale a pena ou não.

Gabriel dos Santos Soares 2º ano EM Regular, em 2021.

https://cultura.uol.com.br/programas/rodaviva/

Redação sobre a entrevista com Ailton Krenak

A entrevista com Ailton Krenak, realizada no dia dezenove de abril de dois mil e vinte e um, pelo canal da TV Cultura em seu programa Roda Viva traz uma bancada composta por diversos especialistas e profissionais renomados de diversas áreas para dialogar com o entrevistado Ailton Krenak, esse que além de ser uma  figura política reconhecida e um grande líder de movimentos indígenas por todo país também se trata de um escritor, poeta, jornalista e filosofo, sendo que Ailton demonstra todo o seu conhecimento e sua sabedoria transcendental a medida que responde às perguntas.

O relato de Krenak é de fato revelador, esclarecedor, inspirador e provocante tudo ao mesmo tempo, pois o entrevistado expõe suas ideias opiniões que adquiriu através de uma vivencia rica e engajada coma proteção e a luta pelos direitos, tais ideias e opiniões são extremamente bem embasadas e somadas com a pesquisa e as apresentações dos trabalhos de meus colegas em sala de aula me levaram a uma grande reflexão que me levou a conclusões um tanto quanto pessimistas.

Nós atualmente estamos vivendo inevitavelmente sobre a iminência da morte, em noticias na televisão, em relatos de nossos amigos e até mesmo em núcleos familiares, esse convívio constante com a morte devido a ações de descaso e imprudência de governantes e da população em relação ao tratamento de uma pandemia abalou os alicerces físicos e mentais de muitas pessoas, porem o relato de Krenak me fez perceber que tal situação de insegurança, descaso e ignorância estão presentes a mais de quinhentos anos à parte da nossa população, por mais de quinhentos anos a população indígena sofre com a iminência da morte. Tal fato é exacerbado nos primeiros anos da colonização portuguesa na então terra de pindorama, a relação de então “harmonia” com os povos indígenas rapidamente se tornou em perseguições, expurgo, guerras e milhares de mortes, e nos anos que se seguiram a situação dos conflitos se amenizou, mas os povos indígenas ainda eram descriminados, excluídos e menosprezados.

E ao analisarmos hoje em dia podemos ver que pouca coisa mudou, os indígenas são constantemente censurados, tem suas opiniões e cultura ridicularizadas, e Krenak enfatiza isso com suas analises sobre as atitudes das empresas mineradoras e do governo, que priorizam infinitamente o lucro e o “fortalecimento da economia” sobre o bem estar de comunidades nativas e do meio ambiente que as cerca. Essa visão do governo e dessas empresas apesar de ser estupidamente errada e preconceituosa ela ainda é apoiada por muitos cidadãos e cidadãs desse nosso país, que resumem o povo indígena a estereótipos de preguiçosos e primitivos, que não contribuem em nada para o país e que não merecem todos os benefícios que possuem.

Tais afirmações são consequência de informações erradas e enganosas que foram constantemente propagadas de geração em geração, sendo que a única forma de criarmos um futuro para o Brasil onde todos os povos que aqui habitam sejam reconhecidos por sua cultura, e possuam o seu devido espaço é pararmos de propagar essas informações e começarmos a buscar conhecimento com aqueles que realmente entendem do assunto, como Krenak, essa entrevista e os trabalhos que apresentamos em sala me ajudaram a perceber a diversidade da cultura indígena, as diferentes tradições, as diferentes línguas, e como foi difícil manter esses costumes vivos depois de anos de perseguição, então a mensagem final que a entrevista e que a pesquisa passaram para mim é que nós devemos continuar atrás de conhecimento, que devemos manter a mente aberta para a compreensão de novas realidades, e que devemos construir um futuro melhor com base no respeito pelo passado e pelo presente dos povos desse país, pois afinal: O presente é ancestral. 

Guilherme Ferreira Candido – 2º ano EM Regular, em 2021

https://arvoreagua.org/povos-tradicionais/indigenas/povos-indigenas-do-brasil

Povos Nativos no Mundo de Hoje

A entrevista traz temas que deveriam ser mais reconhecidos pelas pessoas, um deles é o direito dos povos nativos do nosso país.

Havia sido feito a tempos atrás mudanças na constituição para que os direitos de terra dos nativos fossem revogados, mas isso não trouxe muitas diferenças, já que mesmo assim muitas tribos ainda estão sendo devastadas, principalmente nesse período de pandemia, onde muitos garimpeiros ilegais invadem essas terras, transmitindo o vírus para essas populações, destruindo suas casas e aldeias.

E isso cada vez está mais agravante em nosso país, e não havendo muitas previsões de soluções para esse problema.

Muitos desses acontecimentos não são divulgados amplamente para as pessoas, ocasionando em falta de conhecimento sobre o assunto.

As propostas feitas por políticos não incluem os nativos, por não considerarem eles membros da diversidade da população do país. Algo que não para entender já que todos nós sabemos que nossa população é completamente diversificada, por tanto não deveria haver tanta desvalorização desses povos.

Os povos nativos, sofrem com essa desvalorização desde a chegada dos portugueses no Brasil, onde muitas tribos foram massacradas, como o povo Caeté que foi assunto de pesquisa de meu trabalho, que hoje em dia só conseguimos encontrar descendentes vivendo no ambiente urbano.

Desde sempre as pessoas não conseguem ser tolerantes com culturas diferentes da própria, por isso os portugueses quiseram mudar completamente a cultura dos nativos, trazendo o cristianismo para eles.

Muitas propostas de alianças foram feitas entre os europeus e os nativos, como a aliança entre os Caetés e franceses, que trouxeram mais benefícios para os franceses do que para a tribo.

Muitas pessoas não prestam atenção na situação grave que está nosso país hoje em dia em relação ao ambiente muitas vezes causadas pela mineração, como exemplo a empresa Del Vale que ‘’assassinou’’ o Rio Doce com resíduos tóxicos e o tornou inutilizável para consumo humano. Mas isso infelizmente não é algo novo, já que muitos rios morreram por conta da mesma situação.

Como foi dito na entrevista as pessoas não vêm o futuro, então muitas não conseguem imaginar a situação do mundo daqui a 10, 20 ou 30 anos, por isso muitos se tornam cegos para o quanto a situação está grave.

Deve ser aplicado leis mais rígidas para mudar essa situação, escolas devem abordar mais a cultura dos povos nativos e esses assuntos devem ser mais reconhecidos pelos cidadãos do estado, porque se não no futuro vamos acabar com o que ainda nos resta de natureza.

Ana Beatriz Santos da Silva Lopes, 2º ano EM Regular, em 2021.

https://racismoambiental.net.br/2018/09/20/nacoes-unidas-alertam-para-violencia-contra-povos-indigenas-mundialmente/

Texto comparativo da entrevista do Ailton Krenak no programa Roda Viva na TV Cultura em 19.04.21 com a pesquisa desenvolvida para a apresentação do tema – “Povos Nativos: Ontem X Hoje”.

Ailton Krenak é sem dúvidas um privilégio para o Brasil. A sabedoria, a coragem e a inteligência desse líder indígena tão forte, são coisas raríssimas. Com sua forte crítica ao capitalismo e de certa forma também ao governo, Ailton é uma forma de voz muito importante para todos os povos ameríndios, já que estes, mesmo no ano de 2021, continuam sendo povos tão violados e que
não possuem direitos básicos.


A principal relação existente entre a pesquisa realizada sobre os povos nativos e a entrevista de Ailton, está nas questões da violência, da falta de apoio, e na falta de direitos básicos desses povos, questões estas que se iniciaram na época da colonização e ainda continuam nos dias de hoje.


A entrevistadora Renata Machado Tupinambá, pertencente ao grupo dos nativos, em suas perguntas cita a questão da violência com povos ameríndios que persistem atualmente em muitos territórios indígenas, mesmo com o cenário de pandemia em que vivemos, e pontua também o fato da dificuldade da conquista de direitos para esses povos, direitos até mesmo básicos, que
não recebem a atenção e a importância que merecem.


O professor José Miguel Wisnik, traz como um de seus pontos para a realização de perguntas a mineração, que é uma das maiores ameaças para os povos nativos que sofrem também com as invasões de suas terras e com a exploração da madeira. José cita inclusive a empresa Vale, que é responsável por desastres por causa de sua atividade, como, por exemplo, os ocorridos em Mariana e Brumadinho.


Nas pesquisas realizadas, foram citados os atos violentos que ocorreram na época da colonização, quando os primeiros contatos entre povos nativos e europeus ocorreram. A partir desses primeiros contatos, os povos indígenas perderam seus territórios, parte de suas populações, e todos os direitos que possuíam, além de toda a exploração pela qual passaram e ainda passam e assim se tornaram povos escravizados e negligenciados.


Como consequência dessas explorações, temos hoje uma sociedade indígena composta por uma população volumosa e variada de povos nativos, que precisam lutar bravamente para reconquistarem aquilo que já era deles e foi tomado à força.


Vozes como a de Ailton são de demasiada necessidade para os povos nativos. Cada mínima conquista que esses povos conseguiram se devem à líderes como Ailton, que lutam bravamente pelos direitos de seus povos.


A luta dos povos indígenas é algo que deve receber uma atenção muito maior, esses povos estavam aqui antes da colonização, portanto merecem que todos os seus direitos sejam cedidos, assim como merecem o respeito e a importância que tanto falta para eles.

Ana Luiza Bergantin 2º ano EM Regular, em 2021.

https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/criacao-da-funai/

Desde que os portugueses chegaram à América, em 1500, os povos originários, ameríndios, também conhecidos e denominados por Cristóvão Colombo como índios; apesar de serem generalizados com este termo, eles não se viam como unificados,
divididos em uma enorme quantidade de etnias sem nenhuma identificação dentre eles. Resistiram à colonização e exploração dos territórios americanos, foram explorados; mortos por armas de fogo, biológicas e forçados á seguirem crenças que desorganizavam suas aldeias, pensamentos e crenças originárias.


Somente em 1967 com a criação da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) começaram a surgir e ganhar forças associações indígenas, que buscam melhorias em áreas como a saúde, educação, meio ambiente, patrimônio e demarcação de terras. Em 1961, foi criada a primeira reserva indígena brasileira, “O Parque do Xingu”, representando um grande avanço nas conquistas destes povos.


Nos dias atuais, muitas comunidades indígenas sofrem para manter seus costumes, crenças e terras; sofrem com o agronegócio que insiste em invadir terras indígenas da forma mais ilegal possível, acabam que muitos índios são mortos ou expulsos de suas terras, vão para cidades grandes e sofrem em situação de pobreza extrema, preconceito e violação de direitos humanos. Mesmo assim, existem aldeias que vivem isoladas do mundo moderno, mais precisamente como seus ancestrais, mais concentradas na Amazônia; existem também grupos indígenas que vivem em cidades e reivindicam a condição do povo indígena, chamados de etnogênese.


No governo atual, o capitalismo imposto sobre estes povos é ainda maior, com invenções de agronegócios que não são relevantes e não auxiliam os indígenas com seus direitos, propagandas que só mascaram a crueldade, a falta de respeito e roubo de recursos e terras, aldeias dizimadas pela ganancia do homem capitalista; além das terras destruídas e sendo esgotadas de recursos e poluídas. Os nativos empenham um enorme papel, além de ser a raiz do nosso Brasil, são fartos em culturas, línguas, conhecimento e costumes que convivem conosco no nosso dia a dia.


Houve e continuam existindo lutas! Ao contrário do mito do índio pacífico, as resistências à colonização são marcas dos povos indígenas e, consequentemente, do povo brasileiro.

Rafaela Santos Bergmann – 2º ano EM Regular, em 2021.

ENTREVISTA COM AILTON KRENAK X POVO TÍCUNA

Em uma entrevista dada ao programa Roda Viva, Ailton Krenak, importante líder indígena, esclareceu dúvidas e comentou sobre importantes pontos da atualidade e ancestralidade indígena.

Apesar de muitos acreditarem dever se referir aos índios somente como povos indígenas ou povos originários, Krenak ressaltou “nossa constituição tem um capítulo que é destinado aos direitos dos índios, o que é muito significativo”.

Durante toda a entrevista o líder indígena faz inúmeras críticas ao governo, chegando a comparar a Política com um time de futebol, ressaltou “[..] eles têm a monocultura, a ideia de achar que nós não somos uma diversidade […] o cidadão que é eleito para representar o povo brasileiro, tinha que ter a dignidade de não vestir camisa nenhuma estando diante de antes de seu povo nu”.

Como representação desta vasta diversidade brasileira, gostaria de comentar sobre o povo Tícuna, que possui uma cultura muito própria e extremamente rica que nos permite perceber a grandeza e beleza de nossos povos.

Retomando a entrevista, Ailton comentou sobre o fato de ainda, nos dias de hoje, haver muita violência dentro dos territórios indígenas e que seus direitos estão sendo negados.

Os Tícunas, assim como muitos outros povos, tiveram suas histórias marcadas por Contatos violentos com outros povos ameríndios, seringueiros, madeireiros, pescadores da região e comerciantes vindos do Ceará, que utilizaram da mão de obra Ticuna para criar diversos seringais. Apenas em 1990, por seus direitos, conseguiram o reconhecimento oficial de suas terras.

Krenak desaprovou, também, o comunismo, que segundo ele “trás a ilusão de um mundo mágico” onde ninguém da importância ao processo e nós perdemos a prioridade.

O povo Ticuna tem seus costumes baseados na mitologia, onde o homem faz parte das plantas, das árvores, dos animais, da montanha e dos “seres da água”. Apesar de serem próximo da área urbana, possuem sua própria produção agrícola e artesanal regida pelos ciclos das  águas e usufruem da natureza, respeitando-a.

Os povos originários não podem continuar sendo tratados com tamanho desprezo, mas sim, com o devido respeito!

Isabelle Cristina de Moraes, 2º EM Regular, em 2021.

Imagem: Jussara Gruber.

Para assistir a entrevista do Ailton Krenak

OS PERSAS – PERSÉPOLIS III

Capa do livro Persépolis de Marjane Satrapi.

No ano de 2021 ainda devido a pandemia da Covid-19, no ensino on line de História para o primeiro ano Ensino Médio de Administração os estudantes foram orientados a ler a obra e em grupo escolherem as imagens ou sequencias de quadrinhos mais significativos na interpretação deles. Seguem alguns desses trabalhos:

Luna Moraes Dutra, 1º ano MTEC ADM em 2021

Para quem tiver interesse em conhecer a HQ completa:

Acima audiovisual sobre essa obra, no I Festival de Audiovisual da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em 2012.

OS PERSAS – PERSÉPOLIS II

Capa do livro Persépolis de Marjane Satrapi.

No ano de 2021 ainda devido a pandemia da Covid-19, no ensino on line de História para o primeiro ano Ensino Médio de Administração os estudantes foram orientados a ler a obra e em grupo escolherem as imagens ou sequencias de quadrinhos mais significativos na interpretação deles. Seguem alguns desses trabalhos:

Atividade de História – Persépolis – 1° Ano Mtec Administração em 2021

Julia Pereira Pedra de Oliveira

Lídia Castro de Souza

Mariane Beraldes Ferreira

Nathalie Gomes da Silva de Souza

Talita Lopes Pereira

(pág. 14)

Fatos históricos que originaram a Revolução Islâmica ocorrida em 1979, no Irã, uma luta de poder entre clérigos religiosos xiitas, liderados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, e o Xá Mohammad “Rezah”. Ao longo de 2500 anos muitos acontecimentos marcaram a história desse povo com tirania e submissão.

(pág. 43)

A Sexta-feira Negra, ocorreu no dia 8 de setembro de 1978, onde o exército atirou contra os manifestantes, fazendo diversas vítimas.

O fim de Xá ocorreu em janeiro de 1979, quando os islâmicos xiitas do Irã, liderados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, derrubaram o governo do Xá Mohammad “Rezah”.

(pág. 65)

A votação foi pela República Islâmica com 99,99% a favor dela. Com esse regime Islâmico muitos foram embora do Irã com receio do que podia acontecer e alguns tiveram que ser mortos por conta do modo de justiça.

(pág. 256)

Antes dos países entrarem em um acordo em pararem de lutar, o Iraque bombardeou Teerã. Os mujahidin (grupo armado do regime islâmico), pensavam que o exército não iria ter forças para lutar, então entraram no Iraque para tentar libertar o Irã, porém não conseguiram e por resistência em não aceitar a República Islâmica, a maioria foi executada.

(pág. 322)

Em 1991, o Iraque com o presidente “Saddan” Hussein atacou Kuwait. Essa guerra entre Iraque e Kuwait ficou conhecida como Guerra do Golfo, pois elas ocorriam no Golfo Pérsico.

Para quem tiver interesse em conhecer a HQ completa:

Acima audiovisual sobre essa obra, no I Festival de Audiovisual da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em 2012.

OS PERSAS – PERSÉPOLIS

Capa do livro Persépolis de Marjane Satrapi.

No ano de 2021 ainda devido a pandemia da Covid-19, no ensino on line de História para o primeiro ano Ensino Médio de Administração os estudantes foram orientados a ler a obra e em grupo escolherem as imagens ou sequencias de quadrinhos mais significativos na interpretação deles. Seguem alguns desses trabalhos:

ANÁLISE DA HQ PERSÉPOLIS

Imagem 1- O COMEÇO E MARJANE

Escolhi essa imagem porque gostei bastante do começo, onde a Marjane criança lida com uma doideira política da época e obviamente de uma forma diferente. Tirando o fato que essa pequena garotinha é fofinha e seu sonho é algo extremamente bom. Ela com apenas 10 anos foi obrigada a usar véu islâmico.


Imagem 2- ADOLESCÊNCIA DA PERSONAGEM

Essa imagem eu escolhi pois se passa quando a personagem entra e vive na Áustria. pode ser bem simples por se tratar da adolescência da personagem, mas com um segundo olhar é fácil lembrar que, se a adolescência já é um período confuso, como seria a adolescência longe dos pais, em um país com uma cultura totalmente diferente e sem amigos por perto? Pois é. Essa é a parte mais “tranquila”, mas é a parte mais sensível na minha opinião. Ela faz estudos de políticas e isso é bem legal no meu ponto de vista.

Imagem 3- VIDA ADULTA

Essa parte perto do final que mostra Marjane jovem adulta de volta ao Irã teocrático depois de ter passado 8 anos em um país laico. Voltar a usar o véu, a pressão para se casar e o que fazer da vida são algumas questões dessa parte.

A forma como ela lida com seus problemas são realmente legais de se ver, Marjane é excelente em tratar alguns temas, muitas vezes sérios, com humor, o que torna a história, mesmo muito densa.

Imagem 4- VÁRIAS CRÍTICAS

Há muitas críticas políticas por trás dessa HQ. Acompanhei o processo de crescimento de Marji a cada página e vi sendo influenciado por tudo que a rodeia. Marji com seu espirito de jovem que apenas busca espaço para fazer coisas que são consideradas normais para os jovens de sua idade, como explorar seus gostos e estilos, ouvir música, dançar etc. Ela adquire uma consciência de classe, que é um retrato de como o político e o pessoal estão tão colados. Mostra como a voz da mulher nessa época era restrita e censurada.

Imagem 5- REBELDIA

Eu amei essa imagem, porque mostra a forma de Marji ser quem ela quer ser. No início da adolescência encarava o mercado negro iraniano em tempos de guerra para comprar fitas da Kim Wilde e do Iron Maiden, correndo o risco de ser condenada a chibatadas caso fosse   pega.   A   história   pessoal   do   Irã   que   conhecemos em Persépolis fala sobre guerra, sobre mortes, sobre perseguição política e sobre diversos outros temas, mas é também a história de amadurecimento de uma garota em meio a tudo isso. Ela tem sua religião própria e seus gostos. Apenas quer ser livre para gostar do que quiser.

OPINIÃO

Eu amei essa hq não soube muito bem escolher as imagens porque fiquei em muita duvida, eram tantas… sem dúvidas aprendi muito com a história dela!

ANDRESSA SANTOS SILVA, 1º ano Médio/Técnico de Administração em 2021.

Para quem tiver interesse em conhecer a HQ completa:

Acima audiovisual sobre essa obra.

DOCUMENTÁRIO “MOVIMENTO DAS FÁBRICAS OCUPADAS”

Esta publicação tem o objetivo de compartilhar a conclusão de um projeto em grupo do 2° EM – Administração, realizado pelos alunos Adrielly Kemily Oliveira Da Silva, Beatriz Monteiro Dos Santos, Ester Rosa Cezar, Guilherme Da Silva Dos Santos, Julia Pereira Pedra De Oliveira, Livia Drieli Sales Braga, Rafael Tadao Mendes Serikawa e Raquel De Oliveira Santos. O tema abordando foi a reforma do ensino médio em relação ao componente curricular de sociologia.

Boletim do projeto ” Filosotec” edição Sociologia.

Boletim do projeto ” Filosotec” edição Sociologia.

A professora Mara Cristina orientadora da disciplina de sociologia teve a ideia de concluir com um Cine Debate sobre o documentário “Fábricas Ocupadas” disponível no YouTube.

Professora Mara Cristina iniciando o Cine Debate. Foto tirada por Jasmyn da Silva Funchal.

O documentário ” Movimento das Fábricas Ocupadas” em parceira com a organização juvenil Liberdade e Luta, para nos relembra movimentos de luta de operários que aconteceram há 20 anos atrás, se inicia falando sobre as fábricas Cipla e Interfibra de Joinville e após isso aparecem relatos dos trabalhadores e as negligências das fábricas como a falta e atrasos de pagamentos, FGTS e INSS descontados mas nunca depositados, o salário das fábricas não alcança nem 10% do salário mínimo na época.

Slide sobre Movimentos Sócias feito pela professora Mara Cristina.

Os operários ficaram dias em grave para receber os salários atrasados, com pressão de agentes policiais, as fábricas já estavam decorrente da falência o que fez os donos recorrem ao sindicato que começou a tentar fazer acordos com os trabalhadores, os operários não aceitaram e tomaram as fábricas diminuindo suas cargas horárias e aumentando seus salários. Com essas mudanças houve um aumento na produtividade das fábricas, tendo assembléias para aprovações de novas jornadas de trabalho ou mudança salariais. Esse modo de trabalho começou a chamar atenção de outros trabalhadores de Joinville, muitos apoiavam o modo de trabalho deles sem donos e diretores. Uma fábrica de Sumaré – São Paulo, com salários atrasados e grande repressão dos donos durante anos, vendo o exemplo das Fábricas de Joinville – SC, tomaram o cômoda da fábrica. Reduziram a carga de trabalho e aumentaram a qualidade de vida de seus trabalhores e de seus produtos, vários trabalhadores começaram a entrar nessas empresas por ter conter um melhor salário e qualidade de vida. Os operários fizeram um acordo de que as dividas deviam ir para os antigos donos e os trabalhadores administrariam toda fábrica apartir daquele momento.

Slide sobre Movimentos Sócias feito pela professora Mara Cristina.

Os traballhadores entragaram uma carta ao Lula dizendo que o apoiavam e que tinham esperança em sua candidatura e que esperavam que ele ajudasse o movimento realizado a estatização das fábricas, eles esperaram uma resposta do presidente Lula já que os mesmos tinham o apoiando, essa resposta não chegou o que deixou grande parte das pessoas que participavam do movimento das fábricas ocupadas decepcionadas, as fábricas ocupadas inspiraram vários países da América do Sul como Venezuela que gerou um acordo com fábricas brasileiras, onde se instalou uma fábrica destinada a se construir casa feitas de PVC (Venezuela), as casas ficavam prontas em 10 dias após seu pedido. Muitos presidentes de fabricas e empresários começaram a repudiar essas ações e que as intervenções de fábricas seriam nocivas a democracia, isso acabou deixando o ministério do trabalho em maus lençóis começando a repensar a finalidade do movimento dos trabalhadores, com intervenções da polícia em uma das fábricas de Joinville, muitos trabalhadores sofreram e guardam sequelas daquele dia até hoje.

Slide sobre Movimentos Sócias feito pela professora Mara Cristina.

Depois da intervenção, os trabalhadores começaram a ser demitidos principalmente os que comandavam as intervenções das fábricas, mídias internacionais começaram a abrir espaço para esse assunto e como o governo estava sendo opressivo. Após a intervenção policial os novos donos começaram a dizer que estava tudo correndo bem e que elas tinham tido aumento na produção e nas vendas mas esse aumentos só se deram pela administração dos operários. A fábrica presente em SP conseguiu seguir firme mais começou a sofrer boicotes na compra de sua matéria prima pelas grandes fábricas, muitos trabalhadores que não tiveram seus direitos trabalhistas e foram demitidos começaram a buscar seus direitos com ajuda de advogados.O movimento das fábricas ocupadas podem ter acabado na prática com a intervenção governamental e judicial, porém o movimento não morreu com isso e sim tomou mais forças se tornando um exemplo nacional de que é possível trabalhadores terem o controlando de seus próprios meios de produção. O documentário “Movimento das Fábricas ocupadas” e esta publicação servem como incetivo aos novos e aos velhos de que podemos mudar nossos ideias e nossas formas governamentais. Feliz 20 anos das fábricas ocupadas.

Slides sobre Movimentos Sociais feito pela professora Mara Cristina.

Após a exibição do documentário houve um rico debate sobre a grande inovação dessa luta social a partir da ocupação das fábricas e a criação da Comissão de Fábrica com representantes eleitos pelos trabalhadores dos diferentes setores das fábricas melhorando o ambiente de trabalho, a remuneração e as condições de trabalho de todos os trabalhadores dessas fábricas ocupadas. Que infelizmente, não foi implantado o indicado pelo BNDES para estatizar as fábricas e foram invadidas pelo polícia federal.

Jasmyn da Silva Funchal 1⁰ EM – Marketing. Colaboradora do blog Hemetec no ano de 2022.

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – ORÇAMENTO FEDERAL E A DÍVIDA PÚBLICA

Vídeo realizado pelos (as) estudantes do 2º ano do Itinerário Formativo em Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Alice Lopes de Sousa, Graziela de Lima Pereira, Laura Luiza Gomes Sampaio, Ryan de Souza de Sá Barreto e Talita Quezia da Silva Correia. Da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, no componente curricular Laboratório de Processos Criativos, em maio de 2022. Com a orientação da Profª Mara Cristina Gonçalves da Silva.

A pesquisa foi apoiada nos dados divulgados no site da Auditoria Cidadã da Dívida: https://auditoriacidada.org.br/

POVOS NATIVOS DA AMÉRICA. ONTEM x HOJE, 2⁰ ANO ENSINO MÉDIO REGULAR 2021.

Trabalho de História Guaraní, feito pelos alunos Eduardo Lima, Lucas Aparecido, Pedro Botoni, Samuel Russo e Victor Martins. Do 2⁰ ano Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História povos nativos da América: INCAS. Realizado pelos alunos Caio Marques Dos Santos, Jean Pierre Correa Farias, Lucas Freitas De Almeida, Luis Gustavo Da Silva Braz. 2° ano A – Ensino Médio Regular em 2021.

Trabalho de História sobre o Povo Ticuna, realizado pelos alunos Ana Luiza Bergantin, Gabriel Guilherme Messias, Isabelle Cristina de Moraes e Rafaela Santos Bergmann. 2⁰ ano do Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História Tupiniquim, realizado pelos alunos Gustavo Macedo, Matheus Vieira, Miguel Augusto e Yan Albuquerque. Do 2⁰ ano Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História Tupiniquins, realizado pelos estudantes Gustavo Macedo, Matheus Vieira, Miguel Augusto e Yan Albuquerque. Do 2⁰ ano Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História Xavante, realizado pelas alunas Julia Tami Mochizuki e Letícia de Souza Cantuária. Do 2⁰ ano Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História Tupinambás, realizado pelos alunos Gabriel Oliveira Firmino, Gabriel Aparecido das Chagas Silva, Gustavo Nascimento de Magalhães, Gustavo Russo Lúcio, Julia Ferreira Bezerra,Miguel Henrique Guerreiro Silva e Nicolas Longo. 2⁰ ano Ensino Médio Regular 2021.

Trabalho de História Caetés, realizado pelos estudantes Ana Beatriz S. S. Lopes, Ana Carolina O. L. Dos Santos, Giovanna Ferreira Bettega, Guilherme Ferreira Candido, Gustavo Nascimento de Magalhaes e Isabeli Gomes Oliveira. 2⁰ ano – A Ensino Médio Regular 2021.