RESUMO – A HISTÓRIA DO POVO TERENA

A história do povo terena é extensa e está ligado as histórias de muitos outros povos indígenas, dos europeus e de africanos da época de escravidão. Muitas são as fontes de informação para saber sobre a história desse povo, como a cultura material que estão contidas em objetos de cerâmica instrumentos musicais e outros objetos; e textos escritos feitos por brancos que já estabeleceram relações com esse povo. Mais uma das fontes mais importantes é a língua falada, os Terenas falam uma língua parecida com os Laiana e Kinikinau de origem comum denominada Aruák, e por meio dela pode-se perceber as origens, os contatos com outras populações e os lugares de procedência.

Os povos Aruák, habitaram principalmente as Guianas, Norte do Brasil e ilhas da América Central. No começo da colonização portuguesa esses povos disputavam terras com os Karib. Os povos indígenas que falam Aruák aqui no Brasil são agrupados em regiões em que vivem: Norte do Rio Amazonas, Sul do Rio Amazonas, Alto do Rio Xingu, e Região mais Meridional onde estão localizados os terenas.
As populações indígenas brasileiras são diferentes entre si, elas não são um só povo e sim diversos povos. Cada povo possui usos, costumes e crenças próprias, falam línguas diferentes e possuem histórias distintas.
É complicado saber das origens dos povos, pois cada povo tem sua maneira de contar suas origens.

Já no aspecto histórico dos Terenas, três momentos são relembrados: o período dos Tempos Antigos, Tempos de Servidão (Guerra do Paraguai) e o último corresponde a delimitação das terras indígenas até o presente.

Sobre os Tempos Antigos, os mais velhos das tribos contam que os Terenas viviam antigamente no Exivá, conhecido como Chaco pelos purutuyé. As tribos que falavam Aruák eram conhecidas como Guaná.
Os Guanás habitavam o Chaco junto com os Mbaya Guaicuru e os Guarani. Esses povos estabeleciam muitas relações, mas o contato entre os Guarani eram conflituosos.
Já com os Guaicuru eles estabeleceram alianças, os Guaicurus protegiam as aldeias dos Guanás, e estes por sua vez forneciam alimentos e roupas.
As relações com os brancos não eram amistosas. Os europeus que iam
às minas, realizavam expedições pelo rio Paraguai, e acabavam batalhando pelas terras entre si, ou seja, portugueses contra espanhóis; e contra os indígenas.
Ainda na relação com os brancos, os indígenas eram forçados a aprenderem ao catolicismo, realizados por missionários.

Durante as guerras por essas terras, os Guanás e os Guaicurus deslocaram-se para o Mato Grosso do Sul no século XVIII, para fugir desses conflitos. Mas depois de algum tempo os europeus também chegaram a área, e os portugueses construíram fortes na região. Com a chegada dos portugueses a região, a relação entre os Guaná e os Guaicurus enfraqueceu e os Guaicuru fizeram acordos com os portugueses.


Antes da Guerra do Paraguai, a região colonizada pelos portugueses permaneceu unificada após a independência, mas colônias espanholas se separaram. Então no Vice-Reinado do Prata surgiram quatro países: Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia
Após a independência muitos conflitos surgiram por causa da delimitação das fronteiras, organização no território e direito de navegação no Rio Paraguai.
O Paraguai queria meter um território litorâneo para importar e exportar produtos e por isso conflitos com Argentina e Brasil surgiram. Com o Brasil o conflito estava ligado com controle de navegação do Rio Paraguai.
Assim, quando o governante Solano López invadiu o Mato Grosso e iniciou invasões em territórios brasileiros e argentinos os países: Uruguai, Argentina e Brasil se uniram na Tríplice Aliança para derrotar os paraguaios.
O Brasil utilizou tropas de africanos escravizados e povos indígenas como Guaicurus e Terena. A Inglaterra ajudou com armamento.
Após anos de luta o Paraguai perdeu, é o Brasil demarcou as fronteiras como achou melhor, e Inglaterra também explorou as riquezas do Paraguai.
Durante a Guerra do Paraguai, Alfredo de Taunay, que era escritor, engenheiro e participante da Guerra, deixou diversos escritos que contavam sobre os Terenas. Em alguns escritos ele disse que os Terenas participaram como soldados na Guerra do Paraguai e em outro escrito é relado que houve uma epidemia de cólera, que acabou matando alguns terenas. Além desses relatos muitos outros foram feitos.
Entre os Terenas também existem diversos relatos, como sobre a história de Kali Siini, que é considerado um herói que participou da Guerra do Paraguai. Ele derrotou muitos paraguaios, conforme o relato de Dona Maravilha, Cachoerinha.
Até o ano de 1850 as terras brasileiras eram doadas pelo governo para pessoas confiáveis. Então em 1850 foi decretada a “Lei de Terras”, no qual as terras poderiam ser comprados ou vendidas
As terras devolutas eram terras sem registro de proprietários, e elas também foram autorizadas a serem vendidas. Entre essas terras foram incorporadas as terras dos índios que não viviam em aldeamentos. As terra dos ” índios bravos” o governo reconhecia a posse, mas o ” índio manso” era expropriado da terra.
Os Terenas lutaram na Guerra do Paraguai para garantir as terras em que viviam, mas esse direito não foi garantido pelo governo já que as aldeias estavam sendo disputadas por oficiais desmobilizados do Exército Brasileiro e de comerciantes.
Assim as fazendas cresceram na região do Mato Grosso, e os Terenas acabaram trabalhando nessas fazendas. Todo esse período é conhecido como Tempos de Servidão
Em 1888 e em 1889, enquanto os terenas ainda viviam no Tempo de Servidão, o Brasil passou a ser uma república e o café virou o principal produto de exportação no Brasil. Por isso foi ampliado a construção de estradas de ferro e de linhas telegráficas para melhorar a comunicação e transporte entre litoral e interior.
Uma comissão foi criada para ligar o trecho telegráfico de Cuiabá até a fronteira com a Bolívia e Uruguai. Essa construção contou com a mão de obra dos índios. Primeiro foram os Bororó e mais tarde os Terenas.
Os terenas também participaram da construção da Estrada de Ferro Noroeste, em 1905, que ligava Corumbá, em Mato Grosso, até Bauru. Nessas obras houve resistência dos kaingang, pois elas estavam invadindo seus territórios, mais com os funcionários da SPI (Suporte de Proteção aos Índios) fizeram um tratado de paz.

Muitos grupos indígenas foram exterminados nas lutas para manter sua independência. Por isso, a partir do início do século XX, o governo Republicano foi obrigado a cuidar de questões indígenas
Nessa mesma época, ou jornais começaram a denunciar as invasões em territórios indígenas e também os atentados dos “bugreiros”, que eram assassinos de índios (bugres).
Até 1910 muitos debates surgiram em torno dessa questão dos indígenas e a situação se agravava muito. Era difícil estabelecer uma política, pois as opiniões eram divergentes entre si, por exemplo, alguns queriam exterminar os índios e outros queriam que eles fossem transformados em trabalhadores.
Então a partir de 1910, foi criado o Serviço de Proteção aos Índios e a Localização de Trabalhadores Nacionais (SPI-LTN). Rondon fundou e dirigiu o SPI e impôs algumas linhas de atuação, como “pacificar” índio hostis, criar reservas indígenas, educar os índios e protegê-los.
Algumas famílias terenas conseguiram se manter em pequenos núcleos próximos às fazendas. Esses núcleos eram integrantes da Comissão das Linhas Telegráficas, em 1904, e aproveitaram esse trabalho para solicitar a garantia de posse de suas terras.
Rondon era um intermediário, e algumas comunidades foram demarcadas em 1905. Essas áreas eram muito pequenas e por isso que os indígenas continuaram trabalhando nas fazendas.
Em 1918, foi criado um posto de Cachoeirinha com o propósito de proporcionar apoio aos terenas, mas o encarregado do posto começou interferir nos aspectos de vida dos terenas, com isso muitos deles saíram do local.
Em 31 de março de 1964, o SPI encerrou suas atividades no período da ditadura militar, e foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em 1967.
Então com a administração das “changas” (trabalho temporário nas fazendas e usinas de açúcar) e com uma fonte de renda que ela proporcionou, o problema da sobrepopulação das reservas começou a ser resolvida.
Desde 1984, a Funai elegeu todas as áreas terenas como passíveis de ampliação, exceto Buritizinho, Limão Verde e Nioaque. Desta forma a Funai não resolveu os problemas dos terenas a viverem com autonomia e dignidade pois não aumentou todas as suas terras.

Muitas foram as mudanças na história do povo terena, que foi influenciada pelo contato com outros povos. Porém algumas características continuar mantidas, como a língua e festas.
Nas vestimentas, Fernando Altenfelder comenta que “o vestuário mais comum era o xiripá, um saiote que ia dar cintura até os joelhos (…) de cor preta. (…) O cabelo era puxado para cima e amarrado para trás da cabeça”. E ainda afirma que a pintura corporal era muito importante, elas eram riscas em preto e branco, feitas com jenipapo e carvão vegetal.
Já na moradia, os antigos terenas moravam em casas retangulares com portas simples. Elas eram longas, de teto arqueado e sustentada por uma viga Central. A cobertura era feita de sapé ou folhas de acuro. Todas as casas eram distribuídas em círculo e nelas haviam jiraus para dormir, esteiras de piri, tapetes de pele, cestas e etc.
As mulheres que realizavam tarefas de fiação, cerâmica e cuidados caseiros. Na fiação, era usado fibras de palmeiras e de um arbusto (yuhi), para fabricar bolsas. Também eram fabricados cestos e abanicos com carandá, piri e bambu.
Na cerâmica eram empregados processos de espirais de argila na fabricação de potes e panelas. Elas eram secadas ao sol e cozidas, e depois eram pintadas com resina de pau santo e com cores vermelho e branco.
O milho, a mandioca, o humo, o algodão e a batata doce eram uma das principais plantas cultivadas. Todos eles eram cozidos ou assados. Também eram consumidos alimentos de coleta na mata como o mel, ovos e frutos.
Em relação à família, os pais e filhos respeitavam tinha muita afeição. E o casamento era uma decisão familiar.
Existiam muitas cerimônias, entre elas as dos mortos, no qual havia muitas lamentações e os animais preferidos do cadáver em vida eram sacrificados enterrados juntos.
Todos esses aspectos compõe a vida cotidiana dos Terenas.

Gabriel Roque Shimada, estudante do 1º Ensino Médio A em 2019.